O que fazer em Santiago de Compostela

As figuras mitológicas do Monte Viso: O que fazer em Santiago de Compostela

As figuras mitológicas do Monte Viso: O que fazer em Santiago de Compostela

A cidade de Santiago de Compostela está envolta nessa aura da peregrinação. Contudo, a vai muito além disso, com diversos parques, trilhas, museus, entre outras atrações. A cidade possui ricas ofertas culturais. O Monte Viso é uma das opções do que fazer em Santiago de Compostela, sendo excelente para quem quer se aprofundar um pouco mais na cultura galega, já que oferece aos seus visitantes, a magia da cultura popular.

 

+ Leia também: 10 Pontos Turísticos de Santiago de Compostela – o que fazer na capital galega

 

O Folclore Galego

A Galícia é chamada de “terra mágica”, e muito se deve às crenças tradições populares. Aliás, assim como o nosso folclore, está nas tradições orais, cantigas, ditados, mitos e lendas. E são diversos personagens  e histórias, que permanecem vivos e presentes, seja nas festas populares, seja nas fantasias infantis ou na contação de histórias.

Aliás, uma das mais curiosas (e aterrorizantes) é a lenda da Santa Compaña, uma procissão de almas penadas que, depois da meia noite, percorrem os povoados e visita casas em que haverá uma morte em breve. A comitiva de almas vestem uma túnica negra com capuz, e levam uma vela acesa nas mãos. Por onde passam, deixam cheiro de cera ou incenso, além de um frio intenso e barulhos de correntes. Caminham rezando, cantando músicas fúnebres e tocando um sino.

Mas a procissão é comandada por um vivo, que leva uma cruz e um pote com água benta. Como lhe toca comandar a Santa Companha, sai todas as noites, não podendo assim, descansar. Portanto, é também uma figura fantasmagórica, que vai definhando aos poucos, tornando-se cada vez mais magro, fraco e doente. Dizem que este não se lembra de suas jornadas noturnas e que cada noite, sua luz vai se tornando mais intensa, ao passo que a cada dia, sua palidez aumenta.

Assim, esta pessoa está condenada a vagar noite após noite até a sua morte, ou então, até que cruze com outro vivente, ao qual passará a sua cruz. Mas há algumas maneiras de fugir da Santa Compaña, como sair de seu trajeto sem olhá-la, fazer um círculo e entrar dentro, entre outros. Nem todos os humanos são capazes de vê-la, e eu adoraria ser um deles!

 

A rota mitológica do Monte Viso – O que fazer em Santiago de Compostela

A rota mitológica do Monte Viso foi criada em 2020 e é circular, mas com alguns desvios e entradas, tendo uma extensão de 3,5 quilômetros. Como disse anteriormente, a rota se inicia na parte mais baixa do morro e vai em direção ao seu topo, onde há a escultura do Breogán e um mirante.

As vistas do Monte são lindíssimas. Se pode ver as torres da Catedral de Santiago e parte da zona rural. Inclusive, o nome Viso vem do latim, ver ou divisar. O que ocorre é que, muito antes da fundação da cidade de Santiago de Compostela, o monte indicava as delimitações de Aseconia, o povoado romano que existia ali. Já na Idade Média, foi utilizado por agricultores, enquanto nos séculos XIX e XX, abrigou fábricas de curtidos, além da tentativa frustrada de exploração mineira.

Outra curiosidade é que, no início das peregrinações, o Caminho Francês acedia Santiago por ali. Na atualidade, há que se cruzar outro monte da cidade, o Monte do Gozo, para então finalizar o percurso na Catedral.

 

O que fazer em Santiago de Compostela
Mirante do Monte Viso – O que fazer em Santiago de Compostela

Como chegar no Monte Viso

É possível chegar ao Monte Viso de carro ou a pé. Para ir de carro, deve-se seguir as indicações até a Cidade da Cultura, e depois pegar a direção que leve ao povoado de Viso. Existe local para estacionar na entrada do parque, mas a subida ao monte deve ser realizada a pé.

A caminhada, desde o centro de Santiago, é de 3,5 km. Assim, calcula-se um total de 10 km de caminhada (ida, volta e dentro do parque). Se optar pelo transporte público, basta pegar um ônibus que leve até o centro poliesportivo e fazer o restante a pé, com cerca de 1,5 km até o monte. Acredito que nas três situações, o melhor seja utilizar o GPS ou Google Maps.

Cabe salientar que o percurso é realizado a pé, onde se sobe o monte. O caminho é em terra, e por vezes, de pedras soltas. Os bosques estão em volta do monte, mas quanto mais próximo ao topo, mais rasteira vai ficando a vegetação. Portanto, é importante usar roupas e calçados adequados e confortáveis. Use chapéu, protetor solar e calçado de caminhada. Nos dias mais frescos, recomenda-se levar um abrigo isolante, pois venta muito lá no alto.

Ademais, não há cafés, restaurantes ou banheiros no parque. Portanto, leve água e lanche. Mas não se esqueça de recolher qualquer lixo produzido.

O que fazer em Santiago de Compostela
Chegada ao Monte Viso

 

As figuras Mitológicas do Monte Viso

Ao todo, no Monte Viso estão representadas dez figuras do folclore galego. Ainda que haja tantas outras. O autor das esculturas é José Manuel Méndez.

As crianças se divertem conhecendo os personagens e aprendendo a combatê-las. E não somente elas. Durante nossa visita, os adultos eram maioria, e todos muito atentos às esculturas e suas explicações.

Então, vamos às figuras mitológicas do monte?

 

Os Mouros

Antes de mais nada, gostaria de salientar que estes personagens nada têm que ver com pessoas de origem muçulmanas.

Os Mouros aparecem nas lendas com aparência humana ou como gigantes , sempre dotados com uma força sobrenatural.  Eles vivem debaixo da terra e nunca abandonam os seus labirintos subterrâneos, onde ocultam fabulosos tesouros. Considera-se que os mouros são os construtores dos túmulos pré-históricos, dos castros , das pontes e de outras esculturas de origem antiga, desconhecidas para as pessoas do campo.

Ainda que sejam seres mágicos, fazem atividades próprias dos humanos. Eles cozinham, lavam, buscam água, criam cavalos, porcos e bois, bebem, tecem, fiam, cantam, dançam e ainda guardam tesouros, aos quais, não dão nenhuma importância.

Os Mouros
Os Mouros construindo um dolmen

 

O Nubeiro

O Nubeiro é um Gigante responsável pelas tormentas e tempestades. Ele viaja sobre as nuvens e produz os trovões com os seus tamanco, além de fazer com que as nuvens descarregue toda a sua água. Por vezes desce à terra para ver suas façanhas, misturando-se com as pessoas. As pessoas do campo consegue identificá-lo, e o paga para que as tormentas não prejudiquem suas plantações.

O que fazer em Santiago de Compostela
O Nubeiro

 

A Coca

A Coca é um animal monstruoso, com corpo de dragão, asas de morcego e fortes garras. Na cabeça, reluzem como brasas, terríveis olhos, além de uma boca com afiados dentes. A Coca surge do mar e avança por terra firme para raptar as moças mais bonitas dos povoados.

Senda Mitológica Monte VIso
A Coca

 

O Breogán

O Breogán é um nobre que, na cidade de Brigantia (A Coruña), levantou uma torre tão alta que dela se podia ver a Irlanda. A visão destas verdes terras  levou Ith, filho de Breogán até a ilha, onde acabou sendo assassinado. En vingança, Mil, seu sobrinho navega até a ilha com 30 barcos e a conquista, dando origem à linhagem celta da Irlanda.

Inclusive, há manuscritos do século XI que narram estes feitos. Trata-se do Livro das Conquistas Irlandesas, uma compilação de lendas irlandesas, que narram diversas invasões à ilha.

Breogán
Breogán

 

A Meiga

A palavra meiga deriva de maga, fazendo referência a uma mulher com conhecimento de magia e artes ocultas. Entre suas habilidades, está a capacidade de fazer feitiços e mau olhado e premunições Existem muitos tipos de meigas, inclusive a Dama do Castro, uma meiga boa.

A Meiga
A Meiga, representada como uma mulher do campo, com conhecimento sobre plantas

 

+ Falamos mais sobre as meigas em: São João na Galícia

 

O Urco

O Urco é um animal fantástico, uma figura mitológica que as lendas descrevem como uma espécie de cão de cor negra, com grandes chifres e que arrasta uma grossa corrente. Conta-se que o Urco é um demônio que toma as almas de pessoas invejosas e ruins, que finjam ser amigas e por trás, fazem o mau.

Segundo a crença popular, habita nas ribeiras dos rios ou perto do mar, e por isso, também é conhecido como o cão do mar. Figuram muitas lendas, uma delas, na qual habitam um lugar tenebroso, cheio de uma neblina que vem do além.

O Urco
O Urco

 

O Tardo

O Tardo é o meu favorito, já que há algo de cômico nesse personagem. Trata-se de um duende de cor esverdeada e grandes olhos redondos. Se veste com roupas velhas um gorro vermelho. Também leva uma pequena espada na cintura. Este seria o mais malvado entre os outros tipos de duendes. Porém, também é covarde e tem medo dos cães e dos gatos, já que estes o podem ver.

O tardo aproveita a escuridão da noite para entrar nas casas e sentar-se sobre o peito das pessoas que estão dormindo, provocando dores e pesadelos.

Todavia, é possível proteger-se dos tardos, deixando próximo à cama, uma vasilha com grãos de milho ou outro cereal. Como eles são muito curiosos, vão olhar o que tem dentro da vasilha e começará a contar os grãos. Contudo, como só sabe contar até dez, começará a contar uma e outra vez. Assim, passará a noite sem importunar, desaparecendo ao amanhecer.

O Tardo
O Tardo

 

O Gatipedro

O Gatipedro é um ser um pouco malvado, pois faz com que suas vítimas mijem na cama. Esse ser místico possui forma de gato, mas possui um corno na cabeça, semelhante ao do unicórnio. Ele tem o costume de entrar nas casas pela noite e visitar o quarto das crianças que estiverem dormindo. Assim, sobem em cima da criança e nela, despejam água de seu chifre. A criança, dormindo, escuta o pingar da água e sonha estar fazendo xixi, e acaba fazendo de verdade.

Mas segundo a tradição popular, para proteger-se das maldades do Gatipedro, basta colocar um punhado de sal na frente da porta do quarto e nas fechaduras. Isso porque o Gatipedro anda apoiado em suas quatro patas e na longa língua que possui. Assim, quando sente o sabor do sal, dá a volta e deixa as crianças em paz.

O que fazer em Santiago de Compostela
O Gatipedro

 

A Moura

A Mouras são mulheres de encantadora beleza, e muito sedutoras, que costumam surpreender as pessoas solitárias que encontram-se, ao amanhecer, ao pé de um rio ou de uma fonte. Elas surgem penteando seus cabelos louros, com um pente de ouro, ou então, tecendo com fios dourados. Estes elementos dourados simbolizam os raios de sol, da mesma maneira que o amanhecer representa a libertação do sol de sua prisão noturna.

Costumam submeter os caminhantes solitários a alguma prova, ou então, marcam um encontro com algum rapaz e na hora do encontro, ao invés de uma bela moça, aparece uma serpente, que lhes pede um beijo.

As mouras possuem uma força sobrenatural. Enquanto fiam com uma mão, batem leite (pra fazer manteiga) com a outra, e ainda são capazes de carregar enormes pedras na cabeça.

A Mura
A Moura penteando seus cabelos louros

 

A Lamia

Este é um monstro fabuloso que se representa como metade mulher e metade serpente. Elas vivem em cavernas, nas proximidades de fontes e córregos. As lamias são muito perigosas para os homens, aos quais encantam e devoram, como as sereias. Inclusive, a rainha grega das sereias chama-se Lamia.

Mas existe diferentes formas de se representar este personagem nas diversas culturas onde aparece. Em alguns lugares, são cruéis, em outras, amáveis e atenciosas.

A Lamia
A Lamia

 

Os Biosbardos

Estes são difíceis de descrever. Dizem que eles se parecem com pássaros, ou com rapazes de muita beleza. Mas na verdade, não se sabe ao certo como são.  O que se sabe é que os biosbardos possuem hábitos noturnos, recolhendo-se ao amanhecer. Eles vivem nos montes ou em estradas afastadas. Cruzar com algum deles traz muita sorte na vida. Contudo, não se deve mostrá-los ou contar onde vivem a ninguém, senão a sorte se vai.

Para encontrá-los, há que ir, pela noite, a uma estrada afastada ou a um monte onde não se escute o canto dos galos, galinhas, nem a voz humana. Há que se levar um saco grande e chamá-los assim: “Biosbardo, vem ao saco, que este bobo te aguarda.”

Biosbardos
Não há imagens dos Biosbardos porque ninguém sabe como são

 

Acessibilidade

Este é um ponto negativo do parque. Embora seja um espaço de interesse geral, que celebra a cultura galega e possui belíssimas vistas, não aporta acessibilidade a todos.

Como o parque sobe pelo monte, os caminhos são de bastante subida. Além disso, são de terra, e em algumas partes, com pedras. Algumas esculturas estão em locais mais difíceis de acessar, como a Moura.

Portanto, pessoas com problemas de mobilidade ou com carrinhos de bebê poderão ter problemas para acessar algumas partes da rota.

Mnte Viso
Subida até a escultura da Moura

 

Gostou deste post sobre o que fazer em Santiago de Compostela?

Se você gostou desta dica sobre o que fazer em Santiago de Compostela,  então, não deixe de comentar!

Lembrando que esse post faz parte do Desafio BEDA Viagem (Blog Every Day August), um grupo de blogs de turismo que vai publicar todos os dias neste mês de Agosto. Já entramos na terceira semana do desafio! Acompanhe o material incrível dessa turma!!

 

Beda Viagem
Banner do desafio Beda
Créditos da identidade visual do BEDA: Mariana Holtz estudante de design na Parsons New York. Mariana trabalha com ilustração de jogos e animações como o Geo Gravity e o The Magic Pencil, também já ilustrou livros infantis como o “imagine” além de ter um projeto de histórias em quadrinhos contra fake news o Camaleão Leo Instagram @Mah_artz.
Amanhã tem mais! Até lá!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima