Rota Castelos da Andaluzia

Rota dos Castelos da Andaluzia

Rota dos Castelos da Andaluzia

Segundo a Asociación Española de Amigos de los Castillos existem cerca de 10.200 castelos na Espanha. Desde fortalezas totalmente preservadas até alguns totalmente em ruínas. A localização também varia bastante, com alguns em praias, vales e penhascos verdadeiramente inexpugnáveis. Inclusive, é possível dormir em alguns deles, já que a rede de Paradores transformou muito deles em hotéis.

Mas por que existem tantos castelos no país? A resposta é a Reconquista: a luta entre cristãos e muçulmanos que durou mais de 700 anos.  Cada vez que era conquistado um novo território, tornava-se necessário construir uma nova fortificação, para defender a fronteira.

E como a região da Andaluzia foi o ultimo reduto dos muçulmanos na Península Ibérica, não é de se estranhar que existam maravilhosos exemplares para se conhecer. Muitos deles possuem museus, onde é possível aprender muito sobre esse período da história.

No texto de hoje criamos um roteiro que vai de Sevilha até Granada, percorrendo cerca de 550 km, passando por dez incríveis castelos da Andaluzia. Vamos conhecer a Rota dos Castelos da Andaluzia.

Rota Castelos da Andaluzia
Torre do castelo de Zuheros.

 

Prepare-se

A Rota dos Castelos da Andaluzia foi pensado para quem realmente é apaixonado pela Idade Média. O caminho passa por paisagens incríveis, pois percorrem os famosos Pueblos Blancos do Sul da Espanha. Tratam-se de cidades adornadas com casas caiadas, que refletem a luz do sol e contrastam com o céu azul. A contraposição, entre essas moradias e um castelo, que se eleva em algum rochedo, faz dessa paisagem memorável.

Além disso, a região é um deleite para os amantes da gastronomia. A rota passará por fabricantes de azeite com renome internacional, produtores de queijo de cabra, vinícolas conceituadas e cidades com amplas opções de restaurantes. Cada uma das etapas possuem produtos típicos regionais, feitos com orgulho e maestria. Uma maneira única de conhecer a gastronomia andaluz.

 

Como ir

Essa viagem é muito mais confortável sendo realizada com um carro. Além de ir no seu próprio ritmo, facilita bastante a oportunidade de ver os castelos ao longe, com toda a paisagem ornamentando a cena.

Também é possível fazer de ônibus. Neste caso, recomendamos organizar com antecedência, pois algumas vilas possuem opções de horário mais reduzidos. As principais empresas da região são: Alsa, Damas, Casal e Marcos Muñoz. Para facilitar a organização, recomendamos o aplicativo Rome2Rio, que ajuda bastante em descobrir quais os melhores horários em cada trecho.

Tanto Sevilha como Granada possuem aeroportos próprios e boas conexões de trens com as principais cidades espanholas e europeias.

 

Onde Dormir

Cidades como Sevilha e Granada possuem uma ampla e diversa rede de hotelaria, não sendo difícil encontrar algum que se molde ao seu gosto ou orçamento. Porém, os pequenos povoados oferecem menos opções. Aconselhamos reservar com antecedência nos meses de verão ou confirmar se estarão abertos nos meses fora da temporada de férias.

Outra opção são os hotéis de estrada ou as pousadas rurais que podem ser encontrados entre cada destino da rota. Além de serem mais baratos, são ótimas oportunidades de entrar em contato com a cultura regional. Muitos deles possuem restaurantes, com deliciosos pratos típicos de cada região.

 

Quando ir

A Andaluzia pode ser visitada ao longo de todo o ano, mas algumas considerações devem ser levadas em conta. O verão é avassalador nessa região, com temperaturas que podem chegar aos 50°. Assim, o turista logo perceberá que a pausa para a siesta, após o almoço, é uma questão de necessidade nesses locais. Lembre-se que os castelos são abertos e expostos ao Sol. Planeje a sua viagem para não estar visitando esses lugares no horário de pico do calor, entre as 14 e 18 horas.

A época mais agradável é na Primavera, entre Março e Maio, com temperaturas amenas e dias um pouco mais longos. Também é nesse período que ocorrem muitas festas típicas da região, como a Semana Santa, as Ferias de Abril e o Corpus Christ.

 

Quantos dias

O ideal seria cerca de 10 dias, para poder aproveitar bem Sevilha e Granada, além de percorrer a região com calma. O tempo pode variar com o ritmo que deseja dar a viagem. Como todos os destinos são próximo, é possível ver um castelo de manhã e outro no final da tarde. Por outro lado, dormir em cada uma dessas vilas pode ser uma experiência encantadora.

Granada e Sevilha merecem ao menos dois dias de estadia em cada uma delas, principalmente devido a ampla variedade de atrações turísticas e experiências para se fazer nessas cidades.

 

A Rota dos Castelos

Agora, após a devida introdução, vamos conhecer a rota para percorrer 10 castelos inesquecíveis da Andaluzia.

1. Alcazar de Sevilha

Tecnicamente a fortaleza que existe em Sevilha não é um simples castelo e sim um Alcazar. Trata-se de um palácio fortificado, muito comum no estilo de construção muçulmana medieval, onde se misturavam elementos suntuosos com componentes militares defensivos.

A palavra Alcazar também designava a habitação de um príncipe ou rei. O interessante aqui é que o Alcazar de Sevilha é um dos poucos que pode de fato manter esse nome, uma vez que ele continua sendo uma das residências oficiais da realeza espanhola. Mesmo assim, o espaço é aberto ao público em geral, que pode contemplar todos os jardins e recintos maravilhosos.

O Real Alcazar de Sevilha, como é chamado, foi fundado pelos muçulmanos no século X. Entretanto, a maior parte de seu aspecto atual deve-se à reformas realizadas pelo Rei Pedro I em 1364, após a conquista cristã da cidade. A maior parte da sua estrutura é do chamado estilo Mudéjar, a mistura artística e arquitetônica que unem elementos das duas religiões.

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Pátios do Alcazar de Sevilha

 

A beleza dos aposentos do palácio, como a Sala dos Embaixadores e o Patio das Donzelas, são provas da riqueza e do esplendor que a cidade de Sevilha possuía nessa época. As paredes e tetos foram ricamente elaboradas com entalhes nas pedras que mais parecem bordados.

Outro ponto de interesse são os enormes jardins do Alcazar, planejados e ampliados por séculos, possuem diversos setores, com estilos artísticos referentes a época em que foram idealizados. No Verão ocorrem deliciosos concertos de música ao entardecer.

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Os idílicos jardins do Alcazar de Sevilha

 

2. Carmona

A história da cidade de Carmona pode ser remontada à Idade do Bronze, cerca de 5 mil anos atrás. Sua posição defensiva fez com que a região tenha sido alvo de disputas por diversos povos, cada um deixando a sua marca na cidade e ampliando os sistemas defensivos.

Na realidade, a cidade possui dois castelos. O mais antigo, chamado de Alcazar de Carmona, chegou a ser descrito pelo general romano Julio César como sendo uma das fortalezas mais bem protegidas do Sul da Espanha. Com o passar do tempo ele foi sendo ampliado e se integrando com a muralha defensiva da cidade. Atualmente o castelo abriga um museu, onde é possível conhecer a história da cidade e percorrer trechos bem preservados das torres e muralhas.

Já o segundo castelo (chamado de Alcazar de Cima), um pouco mais “moderno”, foi construído pelos muçulmanos no século XI. Após a invasão cristã, foi transformado em palácio e passou a abrigar reis e mandatários que percorriam a estrada até Sevilha. Hoje, o castelo faz parte da rede de Paradores, sendo possível se hospedar no mesmo local onde outrora dormiram parte da realeza espanhola.

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Entrada do Parador de Carmona, dentro de um antigo castelo medieval.

 

+ Saiba mais sobre essa incrível cidade em: Conheça Carmona, um dos povoados brancos da Andaluzia

 

3. Zahara de la Sierra

O pequeno povoado de Zahara de la Sierra parece um cenário tirado de algum livro de fantasia. No alto de um penhasco está localizado um imponente castelo, que quase se funde com a rocha. Ao redor dele, são vistas casas caiadas, que vão permeando toda a estrutura.

A vila é pequena, com menos de 1500 habitantes, mas possui um animado centro, com boas opções de bares e restaurantes. Passear pelas ruelas é uma experiência gratificante, sendo sempre acompanhado pela vista do castelo. Também é uma boa oportunidade para experimentar o famoso queijo de cabra da região. Recomendamos experimentar a peça curada, da marca Payoyo.

Uma outra opção de passeio é o Embalse de Zahara, uma represa com águas cristalinas que possuem ótimas trilhas para caminhadas. Daqui também é possível ter vistas incríveis do castelo e do povoado.

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O castelo de Zuheros. com o povoado embaixo.

 

4. Olvera

Em plena Ruta de los Pueblos Blancos, a cidade de Olvera representa muito bem esse tipo de povoado. Localizado em uma elevação, a cidade vai subindo até alcançar as maiores construções vistas: O castelo e a Igreja Arcipestral. O primeiro é de origem muçulmana, com vistas de tirar o fôlego. Já a igreja é mais recente, construída em 1843, sobre os restos de uma antiga mesquita.

O centro histórico é muito gostoso para se caminhar, com um comércio animado e com boas opções. As ruas são boas oportunidades para se apreciar o costume andaluz de adornar a frente das casas com vasos de plantas. O contraste entre as moradias brancas e as flores dão um clima muito especial para um passeio.

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As paisagens urbanas do pueblos blancos.

 

5. Almodovar del Río

O castelo de Almodovar del Río parece ter saído de um filme do Senhor dos Anéis. Possui todas aquelas estruturas que visualizamos ao imaginar essas construções: altas torres, portões de madeira, baluartes e grossas muralhas. E tudo isso muito bem preservado, com boas sinalizações explicativas.

A própria localização reforça o imaginário, pois o castelo está em um morro, que se sobrepõe majestosamente sobre a cidade que o cerca. Para completar a paisagem, grandes plantações de algodão cobrem os campos circundantes. A cidade possui todo um charme, que convida passear pelas ruas de pedra e se encantar com essa típica representante de um pueblo blanco.

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Castelo de Montefrío, com a incrível paisagem circundante.

 

6. Zuheros

O menor dos povoados da nossa rota, com apenas 600 habitantes, fazem de Zuheros um pequeno tesouro escondido da Andaluzia. Ir se aproximando da vila, observando cada vez mais o seu castelo surgir na paisagem, remete a nossa imaginação para outros tempos.

O castelo em si é pequeno, mas o contexto onde ele está localizado faz com que ele se misture harmonicamente com o restante da paisagem. As ruelas são um verdadeiro labirinto de casinhas brancas, que levam para terraços onde é possível avistar todo o cenário ao redor. Nessas horas lembramos que estamos, na realidade, em um ponto elevado, onde podemos ver vastas plantações de oliveira.

A região também está repleta de trilhas bem sinalizadas, onde é possível poder admirar a paisagem de vários ângulos. Passeios perfeitos para aproveitar um dia de caminhadas ao ar livre e encerrar em um dos poucos (mas animados) bares do povoado.

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O pequeno, mas impressionante castelo de Zuheros.

 

7. Priego de Córdoba

Nossa próxima cidade é considerada a capital do barroco cordobense, onde várias residências foram construídas no século XVIII graças ao rico comercio de seda que existia na época. Como não poderíamos deixar de citar, também existe um impressionante castelo mouro, que adorna o ponto urbano mais alto.

O castelo está parcialmente em ruínas, mas existe um interessante museu com exposições sobre a vida na idade média e a evolução da fortaleza. A torre também permite vistas impressionantes da cidade e das redondezas. Ao longe se pode ver um antigo sistema de torres, que através do uso de sinais de fumaça, serviam de comunicação sobre possíveis ataques inimigos.

Rota Castelos da Andaluzia
Vista da torre do castelo de Priego, com os campos de oliveiras ao fundo.

 

A região de Priego é famosa pelo azeite de oliva. Considerado um dos melhores do mundo, diversas lojas especializadas oferecem orgulhosamente degustações do produto. Por sinal, não se assuste se os vendedores te oferecerem um pequeno copo de azeite para beber (literalmente). Isso sim que é confiar na qualidade do produto!

 

8. Alcalá la Real

Alcalá la Real é uma cidade moderna e animada. Diferente das etapas anteriores, a maior parte de suas construções não são medievais. Isso se deve ao fato da parte antiga da cidade estar em ruínas, fruto de um terrível terremoto que assolou a região no século XV.

Esse triste acontecimento fez com que a parte antiga da cidade, com um imponente castelo, não sofresse com o desenvolvimento moderno da cidade. Assim, hoje é possível ver o trabalho arqueológico no local, que cada vez mais revela ruas, tabernas, casas e construções da vida cotidiana. O espaço também abriga um ótimo museu, que explica de forma bem interativa toda a história dessa verdadeira “Pompéia Medieval”.

Mas se prepare para andar, e bastante. Além das ruínas do antigo povoado medieval, o castelo também possuía um tamanho formidável, com muralhas e várias torres. Por estar localizado em um importante ponto de fronteira, a fortaleza possuía uma vida agitada, constantemente visitada por embaixadores, soldados, comerciantes e refugiados das guerras. Uma experiência única para quem quer compreender melhor a Idade Média.

Rota Castelos da Andaluzia
As incríveis ruínas da cidade medieval e castelo de fundo.

 

9. Montefrío

Montefrío é mais um povoado que conquista antes mesmo de chegarmos. O caminho até ele já proporciona vistas impressionantes do seu castelo e do povoado branco que circunda a fortaleza. Logo já é possível compreender o porquê da vila ter recebido o título de “um dos 10 povoados com melhores vistas” dado pela National Geographic.

Além do castelo, a cidade possui duas igrejas que valem a pena a visita. Toda a cidade pode ser percorrida em agradáveis caminhada pelo seu centro histórico. Sem dizer que sempre somos recebidos por uma animada vida turística, com bares e restaurantes.

Outra atração é um famoso chourizo feito na região, feito com carne de porco e cevada. Ele pode ser facilmente encontrado nas tapas servidas nos bares da cidade.

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O cenário de contos de fadas de Montefrío.

 

10. Alhambra, Granada

Seria impossível não incluir o Alhambra em nosso roteiro pelos Castelos da Andaluzia. Primeiro, devido ao seu apelo simbólico, uma vez que ele foi o ultimo Alcazar muçulmano a ser conquistado pelos cristãos em 1492. Segundo, pelo seu incrível esplendor, com jardins e decorações feitas com maestria pelos melhores artesãos de seu tempo.

O efeito visual da estrutura não é casual. O objetivo da construção era representar o paraíso terrestre, conforme descrito no Alcorão. Os Califas da antiga dinastia Násrida viviam em um palácio abastecido com água fresca, sistema de esgoto e jardins adornados com fontes que refrescavam o tórrido verão andaluz. Tudo isso nos ensina que a Idade Média não era tão sombria como nos ensinaram nas escolas.

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Os jardins do Generalife, um dos mais famosos do Alhambra.

 

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