Roteiro Buenos Aires 4 Dias

Roteiro para conhecer Buenos Aires em 4 dias

Roteiro para conhecer Buenos Aires em 4 dias

A alegria boêmia e as riquezas culturais são fatores indispensáveis à composição da envolvente beleza desta capital sul-americana. Buenos Aires, que hoje conta com uma população de quase 3 milhões de habitantes, e é a maior cidade da Argentina. Com ampla oferta turística que passa por história, arte e cultura, o local recebe milhares de brasileiros todos os anos. Por isso, trouxemos este texto com um roteiro de 4 dias em Buenos Aires.

 

Um pouco de História

Graças a sua localização estratégica no Rio da Prata sua história se mistura com a de seu país, sendo sua região, marcada por disputas pela supremacia.

A cidade foi fundada pela primeira vez, em 1536, quando o colonizador espanhol Pedro de Mendoza estabeleceu o primeiro assentamento, que foi chamado de Ciudad del Espíritu Santo e Puerto de Santa María del Buen Ayre. Contudo, nessa época os espanhóis estavam mais preocupados com a exploração da prata no Peru, deixando o povoado praticamente abandonado ao ponto de, em 1542, a vila ser totalmente destruída por indígenas. Então, em 1580, ocorre uma nova exploração do local e concretiza-se uma segunda e definitiva fundação da cidade, que então foi nomeada por Juan de Garay, de Ciudad de Trinidad.

A importância estratégica da cidade fez com que ela florescesse nos séculos seguintes. O porto foi crescendo, e a vila foi recebendo cada vez mais estruturas administrativas até se transformar na Capital do Vice-Reinado do Rio da Prata, momento onde passou então, a ser chamada de Buenos Aires.

A Capital faz-se o núcleo do sentimento de identidade argentino, pensamento este, que influenciaria mais tarde, no início do século XIX, os movimentos de luta pela independência.

Após a Independência, o porto foi o ponto de chegada da grande corrente imigratória promovida pelo Estado argentino para povoar a nação. Assim, espanhóis, italianos, sírio-libaneses, poloneses e russos deixaram suas marcas e transformaram Buenos Aires na cidade cosmopolita de hoje.

Toda essa história pode ser sentida na cultura e na arquitetura portenha. Os edifícios foram construídos em estilo Arte Nouveau, dando um ar europeu à cidade, fato de seu apelido: “Madrid dos Trópicos”. Entretanto, a cidade vai muito além de uma simples cópia, criando identidades próprias, como o tradicional Tango e sua gastronomia única.

 

Cultura

Como conta sua história, a recepção de diferentes nacionalidades e culturas em solo argentino, fez com que Buenos Aires tivesse uma cultura rica e diversificada, com nuances europeia, latina e judaica. Isso permitiu que os portenhos desfrutassem de uma vida cultural animada, que valoriza as artes e o conhecimento, distribuindo por todos os cantos da cidade, teatros, museus, bibliotecas e espaços para apresentações musicais e de dança.

Assim, durante o dia os Cafés são importantes pontos de encontro para conversas e uma pausa em meio a correria de uma cidade grande. À noite, as ruas da capital se enchem com o burburinho da agitada vida noturna da cidade.

A trilha sonora acaba sendo o Tango, símbolo da cidade e da Argentina, que mistura ritmos europeus e africanos, tendo adentrado a cultura popular desde o início do século XX, nos bares e bordeis.

Roteiro Buenos Aires 4 Dias
Uma pessoa toca o bandoneón argentino, instrumento utilizado para tocar o tango.

 

Gastronomia

A pecuária é a principal atividade econômica da Argentina. Este fato reflete na cultura gaúcha e na culinária, onde a carne é o principal ingrediente da culinária do país. Assim, as parrillas são verdadeiros símbolos de Buenos Aires, oferecendo ao turista uma grande variedade de cortes nobres de carne, além de partes mais exóticas, como rins, coração e úbere.

Mas um outro símbolo são as empanadas, uma espécie de pastel assado, com recheio de carne, frango, milho ou atum.

Para acompanhar essa deliciosa culinária, nada melhor que a grande variedade de vinhos, geralmente provenientes de Mendoza e Salta.

E os doces também são um festival a parte, com destaque para os alfajores, recheados com o tradicional doce de leite argentino.

Comidas Argentina
Empanadas

 

Curiosidades

O Fileteado é uma forma de arte popular e expressão típica de Buenos Aires. São placas escritas em cores vivas, decoradas com guirlandas floridas ou arabescos. Podem conter provérbios, ditos populares ou simplesmente o nome da loja.

Nos bairros mais antigos e tradicionais como a Recoleta e San Telmo surpreende ao observar a fachada dos prédios. Principalmente a entrada, já que havia uma espécie de competição entre a elite local para ver quem possuía a porta mais finamente trabalhada.

Em 1913, Buenos Aires foi a primeira cidade da América do Sul a construir uma rede de metrô. A linha A possui estações muito bem preservados dessa época, onde pode-se admirar decorações e pinturas nas paredes. Com sorte é possível pegar um vagão de madeira, que ainda circula pela linha.

Fileteado
Exemplo de fileteado

 

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Roteiro de 4 dias em Buenos Aires, dia a dia

Primeiramente, gostaríamos de dar algumas dicas para que você possa desfrutar melhor desta bela cidade.

Embora Buenos Aires seja uma cidade grande, suas atrações turísticas de maior destaque estão concentradas na região central, a poucos metros uma da outras. Esta característica faz da capital argentina um excelente lugar para se conhecer a pé, ou até mesmo de bicicleta. Aliás, há alguns pontos de aluguel  de bicicletas dispersos pela cidade. Portanto, certifique-se de usar roupas e calçados confortáveis, e se deixe levar por suas belas vias!

Caminhar pelas ruas portenhas observando os detalhes arquitetônicos, as pichações políticas, os comércios e os hábitos dos habitantes, pode ser surpreendente! Certamente você irá perceber algum detalhe que irá enriquecer sua percepção do local.

A cidade conta também com diversos cafés: a oportunidade perfeita para descansar de uma caminhada e apreciar o clima boêmio. Se preferir, pode simplesmente degustar um alfajor em um dos inúmeros quiosques de doces espalhados por lá.

Para os pontos turísticos mais distantes do centro, como La Boca e Palermo, a cidade estrutura-se com bons meios de transporte, como o metrô, os ônibus e taxis, todos com preços bastante acessíveis.

Para quem gosta de artigos em couro, a Argentina é um grande produtor, podendo encontrar peças com preços acessíveis.

Passear por Buenos Aires é uma experiência sensorial. Sinta e viva esta cidade, e desfrute experiência maravilhosa.

Roteiro Buenos Aires 4 dias
Ruas de Buenos Aires
  • Dia 1

Plaza de Mayo (Praça de Maio)

A Plaza de Mayo é testemunha dos eventos históricos do país, desde a época da fundação de Buenos Aires.  Foi o centro da vida política da cidade, desde a época colonial até a atualidade. No início era chamado de Plaza Mayor, e era o lugar onde os comerciantes se reuniam para vender seus produtos.

A praça foi palco de importantes acontecimentos históricos.  São exemplos, as Invasões Inglesas e da Revolução de Maio, em 1810, que iniciou o processo de independência das colônias da região do sul da América do Sul. Seu nome foi dado em comemoração à Revolução de Maio. Pode-se dizer que este local serve como caixa de ressonância para os sentimentos dos cidadãos. Na Plaza de Mayo, o povo fez suas celebrações, seus protestos e reclamações.

Fica no bairro de Montserrat, que nasceu com a cidade. O fundador de Buenos Aires, Juan de Garay, escolheu esta área, em 1580, para instalar a Praça Mayor, em 1580, o Forte, a Catedral e o Cabildo. Então, a partir daí, a cidade se expandiu para o sul.

A praça foi ajardinada no final do século XIX, e reformada várias vezes. Mas foi também, bombardeado pelos militares que tentaram derrubar o governo em 1955. Ali também, muitas manifestações foram reprimidas pelas forças de segurança, como, por exemplo, em 20 de dezembro de 2001, durante a queda do governo de Fernando de La Rua.

Justamente por essa importância política, não é incomum encontrar manifestações sociais neste loca. Em especial, destaca-se a luta ainda realizada pela Associação das Madres de Mayo, um grupo de mulheres que tiveram seus filhos mortos ou desaparecidos na ditadura militar argentina. Na atualidade, suas intervenções abarcam diversas causas políticas e sociais.

Em seu entorno, encontram-se importantes prédios históricos: o Cabildo, a Catedral e a Casa Rosada.

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Plaza de Mayo

 

Cabildo Buenos Aires

Na época colonial, o Cabildo foi o prédio que abrigou o centro administrativo da cidade, onde funcionava a prefeitura e também era a sede do Vice Reinado da Prata. Foi construído em 1580, sendo considerado o prédio de alvenaria mais antigo de Buenos Aires.

Sua fachada atual não é a original, e sim, a de uma reforma realizada em 1725, quando a Coroa Espanhola decidiu construir um edifício mais sólido. Sua arquitetura se destaca justamente por ser uma das poucas construções que ainda sobreviveram da época colonial, uma vez que todo o centro foi remodelado em estilo neoclássico após a independência da Argentina.

Nos dias de hoje, funciona como um museu sobre a história colonial de Buenos Aires e relata os acontecimentos históricos importantes vivenciados por esta importante construção de sua fundação até a independência do país.

Cabildo
Cabildo

 

Catedral Metropolitana

Construída na segunda fundação da cidade, em 1580, a Catedral de la Santísima Trinidad é a igreja mais importante de Buenos Aires. A construção atual é a oitava remodelação dentre as quais o prédio passou desde o século XVI até 1862.

As doze colunas de sua fachada representam os apóstolos, e na face alta, a escultura em baixo-relevo, nos trás a cena de Jacó encontrando seu filho no Egito.

O interior é decorado em estilo barroco, rico em imagens sacras. Porém, o ponto forte da Catedral encontra-se à direita da nave Central: o Mausoléu de José de San Martín, herói da independência argentina.

Catedral Metropolitana de Buenos Aires
Catedral Metropolitana

 

Casa Rosada

A Casa Rosada é a sede do Poder Executivo da República da Argentina. É um importante centro cívico da cidade, onde ocorre discursos presidenciais, protestos e festividades nacionais.

Construída entre 1862 e 1885, no lugar onde ficava a antiga fortaleza colonial, possui esta cor característica devido a mistura de cal com sangue de boi, materiais muito utilizados nas construções da época.

Quando não está fechada por motivos de uso presidencial ou segurança, o local oferece um museu sobre a história da Casa e visitas guiadas gratuitas os salões do palácio, que devem ser agendadas com antecedência no próprio site da Casa Rosada.

Roteiro Buenos Aires 4 dias
Fachada da Casa Rosada

 

La Calle Florida

Considerada a rua comercial mais importante de Buenos Aires, a Calle Florida é totalmente reservada para o s pedestres, onde é possível caminhar entre turistas, portenhos e executivos. Aqui encontra-se uma ampla variedade de lojas e restaurantes.

Importante desde a época colonial, a rua teve seu auge em 1860, quando as famílias da elite passaram a se instalar na região. É interessante fazer um passeio pelas lojas, observando as fachadas decoradas dos prédios, sendo também, uma bela oportunidade para entender o porquê desta rua ser tão celebrada por poetas, cantores de tango e lojistas.

Calle Florida BA
Calle Florida

 

Plaza San Martín

Localizada no bairro do Retiro, a Plaza de San Martin é um primoroso es- paço verde em meio às elegantes construções da Belle Époque. Movimentada e animada, nem parece ser o antigo “retiro” de monges do século XVII.

  Desde então a região foi palco de grandes eventos históricos. Graças à sua proximidade com as estações de trem, foi neste local que as tropas se reuniam para se deslocar rumo as batalhas da guerra de independência.

 A praça atual foi construída em 1891, após a destruição da antiga Plaza de Toros, onde eram realiza- das touradas. Desde então é um lugar de tranquilidade em meio ao movimento urbano. Na parte baixa da praça, pede-se ver a Torre de los Ingleses, uma alta construção de tijolos vermelhos, com um grande relógio no topo, um presente da comunidade inglesa em 1906.

San Martin
Plaza San Martín

 

Puerto Madero

Desde a época colonial, neste local funcionava um pequeno porto, composto por alguns ancoradouros para barcos e galpões onde se armazenavam produtos e cereais. Porém, com a construção de um novo porto mais ao norte em 1912, a região ficou abandonada e os prédios foram tomados por ocupações ilegais.

Em 1990 o governo da cidade decidiu revitalizar o local, reformando totalmente o bairro, permitindo a instalação de bares,

restaurantes, hotéis e até mesmo um iate clube. Esta remodelação é considerada uma das mais bem planejadas do mundo, sendo comparada com às que ocorreram em outros portos como o de Barcelona, Marselha e Veneza.

Por fim, em 2001 o bairro recebeu um novo elemento, com a construção da Ponte de la Mujer, uma moderna ponte construída pelo arquiteto Santiago Calatrava em homenagem a todas as mulheres.

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Porto Madero

 

  • Dia 2

Recoleta

É um dos bairros que mais remonta às classes abastadas. O bairro se formou por volta de 1871, após um surto de febre amarela ter assolado o (então mais populoso) bairro de San Telmo. Passou então a ser um modelo de refinamento burguês.

Também cercado de parques e belas avenidas, a vida cultural aqui é abastada. No bairro encontra-se a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Bellas Artes (que tem entrada gratuita), entre outros. Suas ruas abrigam luxuosas lojas.

O bairro também abriga um belo e interessante cemitério, onde repousam diversas personalidades da história argentina. Os túmulos e criptas são suntuosos e trazem uma suave melancolia em suas belas composições artísticas.

Neste bairro também se encontra o imponente prédio da Faculdade de Direito. Além de uma famosa escultura em formato de flor, que se abre ao nascer do sol e se fecha ao anoitecer.

Se encante com um passeio pelas praças arborizadas, prédios públicos e as diversas embaixadas que se encontram neste bairro.

Recoleta
Plaza Intendente Alvear, na Recoleta

 

Cemitério da Recoleta

O Cemitério inaugurado em 1822, é considerado um dos maiores do mundo. Nele estão enterradas famílias tradicionais da Argentina, figuras históricas e presidentes. Talvez o local mais visitado seja o túmulo de Eva Peron, onde inúmeras pessoas costumam depositar flores.

Um passeio por um cemitério pode parecer um tanto sombrio, mas a verdade é que este se tornou atrativo por suas estátuas e obras de arte que se encontram espalhadas entre alamedas arborizadas e mausoléus de Mármore. Há, inclusive, um dito espanhol antigo diz que a melhor forma de se conhecer o povo e a história de uma cidade, é visitando o cemitério local. Assim, pode-se dizer que o Cemitério da Recoleta traduz exatamente essa ideia, se expandindo para a história e cultua de todo um país.

É claro que um lugar tão famoso não poderia deixar de possuir inúmeras lendas urbanas. Histórias como a do funcionário do cemitério, David Alleno, que sonhava em ser enterrado ali, economizou toda a vida para construir uma lápide, e, quando conseguiu, em 1910, se suicidou para então, poder inaugurar seu jazigo. Outra história interessante, é sobre Rufina, a Dama de Branco, uma jovem que teve um ataque cardíaco ao receber a triste notícia de que seu amado na verdade mantinha um relacionamento com sua mãe. Sua morte foi confirmada clinicamente, e o enterro foi realizado. Entretanto, a jovem sofria de catalepsia, e acabou despertando dentro de seu caixão, vindo a falecer de um ataque cardíaco. Diz- -se que sua mãe jamais se recuperou de ter enterrado sua filha viva, e que até hoje é possível ouvir os lamentos da jovem pelo amor perdido.

Seja pelas esculturas, pela história a céu aberto ou pelas lendas urbanas, conhecer este belo pedaço da cidade portenha é recompensador.

Escultura de uma lápide
Escultura de uma lápide no cemitério da Recoleta

 

Museu Nacional de Bellas Artes

O Museu de Bellas Artes é um dos mais importantes da América Latina. São 34 salas,

onde são expostas cerca de 700 obras, de um total de 12 mil que constam no acervo do museu. Artistas como Goya, Klee, Rembrant, Rubens, Degas, Picasso, Rodin e outros mestres europeus podem ser apreciados em belas galerias temáticas. Artistas argentinos como Antonio Berni, Xul Solar, Leon Ferari e muitos outros também estão representados.

Além das pinturas, desde 2005 o Museu conta com exposições sobre arte pré-colombiana e galerias dedicadas à cultura popular argentina.

Museu de Belas Artes
Museu Nacional de Belas Artes

 

Floralis Generica

Inaugurada apenas em 2015, esta es- cultura de incríveis 23 metros de altura e pesando 18 toneladas impressiona pela sua estrutura. Composta de 6 enormes pétalas, ela representa uma flor e é feita em aço inoxidável.

Mas além destas vastas dimensões, ela possui um mecanismo que aciona a abertura da flor com a luz solar.

Situado em um belo parque, cercada por um espelho d’água, esta obra de arte moderna promete se tornar mais um cartão postal de Buenos Aires.

Floralis Generica
Vista do parque e da flor, semi-aberta

 

Palermo

Este é aquele bairro para se visitar cem vezes e não ver tudo, ou notar algo diferente a cada vez. É o maior e mais belo espaço verde de B.A, contando com cerca de 80 hectares de área verde, abrangendo praças, jardins e até um zoo (que, se não me engano, fechou no ano passado). Também encontra-se muito recomendado por seus bares e cafés.

Pode-se considerar algumas divisões do bairro, entre elas, o “Palermo Botânico”, que é onde se encontra o Jardim Botânico. Essa região de praças e jardins é conhecida como “Os Bosques de Palermo”. A região abriga cerca de 5500 espécies de árvores e plantas e foi declarado Patrimônio Histórico Nacional. Tanto o Jardim Botânico, quanto o Parque 3 de Fevereiro foram projetados por um paisagista francês, e inaugurados em 1875. O bairro e seus parques também abrigam diversas esculturas artísticas.

Sem dúvidas, passear por Palermo garante momentos tranquilos e distantes dos estresses provocados pela agitação do dia-a-dia. Se o objetivo for relaxar, aqui vale ser gasto um dia inteiro do roteiro. E as opções são muitas, inclusive, gratuitas

Palermo
Área verde de Palermo

 

Jardim Japonês

Foi construído pela comunidade japonesa em 1967, para a visita do Príncipe Imperial, Akihito a Princesa Michiko, representando as boas relações entre Argentina e Japão. Em 2006, foi tombado como Patrimônio Histórico-Artístico Nacional.

Sua paisagem tranquila, combina lagos cristalinos habitados por carpas e patos, ilhas artificiais e as simbólicas pontes vermelhas em madeira, além da rica flora, com diversas espécies trazidas do Japão, tais como as belas sakuras. E uma das atrações mais interessantes do parque, é a Campana de La Paz, um sino fundido com ferro encontrado em Hiroshima, que soa todo ano celebrando o Dia da Paz Mundial, em 21 de Setembro, dia em que bombardearam  Hiroshima.

Jardim Japonês
Ponte do Jardim Japonês

 

 Jardim Botânico

Inaugurado em 1898 e desenhado pelo famoso arquiteto e paisagista francês, Charles Thays, é também um Patrimônio Histórico Nacional. Com sua área verde de 5 hectares e suas mais de 5.500 espécies de árvores e plantas nativas e diferentes regiões do mundo, e uma célebre coleção de fontes e esculturas. Os jardins estão organizados em diferentes pátios, como o francês, oriental, romano e etc.

Compondo o belo cenário, estão espalhadas pelos jardins, cinco belíssimas estufas construídas em ferro e vidro, no estilo arte nouveau, que conservam plantas como orquídeas e bromélias. A maior destas estruturas, foi trazida da França, e recebeu um prêmio na Exposição de Paris de 1900.

Ademais, no Jardim Botânico funciona a Escola Nacional de Jardinagem e uma biblioteca de livros de Botânica.

Fonte
Uma das fontes do Jardim Botânico

 

Parque Trés de Febrero

Também conhecido como Bosques de Palermo, é o maior e mais popular de Buenos Aires. Originalmente, no século XIX, as terras pertenciam ao ditador João Manuel de Rosas. Este, após ter sido derrotado, pelo general Urquiza, na Batalha de Caseros em 03 de fevereiro de 1852, teve suas terras confiscadas. Assim, em 1874, as terras deram morada ao parque, que foi inspirado em parques parisiense e inglês.

O projeto original foi desenvolvido pelos arquitetos Ernesto Oldendorf, Fernando Mauduit e Jordan Wysocky, e finalizado em 1876 por Júlio Dormal. Já as ampliações realizadas entre 1892 e 1913, estiveram a cargo de Carlos Thays. Atualmente, além da beleza de seus gramados e lagos, o parque abriga diversas atrações.

Assim, uma das atrações mais visitadas é o Rosedal, um espaço que conta com mais de 18 mil espécies de roseiras, rodeado por um lago navegável por pedalinhos e barcos a remo. Um toque especial à paisagem é a charmosa Puente Blanca, construída em madeira, também chamada de Puente de los Enamorados, que segundo a lenda, para proteger seu amor, deve-se o casal dar-se as mãos, pisar no primeiro degrau e seguir até o meio da ponte, onde deve ser dado um beijo.

Outro local a ser visitado é o Planetário, uma enorme estrutura ovulada construída em 1967, até hoje utilizada para palestras e exposições sobre os segredos do universo.

Lago de Regatas
Lago de Regatas no Parque Trés de Febrero

 

Palermo pela noite

Nos últimos anos Palermo vem se tornando um ponto diversificado na cultura portenha. Vários restaurantes e bares abriram, com conceitos diversificados como o vintage, o grunge ou o contemporâneo.

Assim, a vida noturna é bem animada na região de Palermo Soho. Os cafés e bares ficam repletos de gente, em ambientes descontraídos e sofisticados. Caminhar pelas ruas e experimentar estes novos sabores da capital portenha demonstra cada vez mais ser um passeio obrigatório por Buenos Aires.

Mas uma grande e literal surpresa são os bares secretos, que são lugares escondidinhos, muitas vezes ficam nos fundos de um outro estabelecimento comercial. No geral, são bares criados na época da Lei Seca, e por isso foram feitos de forma encoberta. Atualmente, são bares bem descontraídos, alguns exclusivos (precisa de senha para entrar), e oferecem drinks elaborados, com sabores especiais.

Quanto aos horários? Fique tranquilo, Buenos Aires é uma cidade festiva e noturna, muitos lugares funcionam até as cinco da manhã.

 

  • Dia 3

La Boca

La Boca é um dos bairros mais tradicionais de Buenos Aires. Localizado às margens do Riachuelo, possui esse nome por ser o porto de entrada de mercadorias e imigrantes desde o século XIX, em sua maioria, italianos. É um bairro que representa a história da cidade. Mas foi constituído como uma região pobre, de operários e pessoas simples, onde a cultura popular floresceu e tomou sua característica única.

Conta-se que os imigrantes genoveses possuíam o costume de pegar galões de tinta que sobravam das obras do porto e dos navios, e pintar suas casas, já que não tinham dinheiro suficiente para comprar as tintas. Também era costume utilizar restos de contêineres para a construção das casas, deixando suas casas num aspecto colorido e animado. De uma forma geral, essas construções, também conhecidas como “conventillos”, possuem muitos quartos, um pátio central e um banheiro compartilhado. Os quartos são alugados a famílias diferentes.

Mas, apesar do bonito aspecto colorido, as condições das habitações eram bastante precárias, ocorrendo frequentes inundações e incêndios no bairro, o que fez com que a comunidade formasse, em 1884, o Corpo de Bombeiros Voluntários, o pioneiro na América do Sul.

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La Boca
O Caminito

A rua mais famosa do bairro é o Caminito, que hoje é um local extremamente comercializado e turístico. Contudo, possui uma história envolvente. Esta rua, no passado, abrigava um trecho de ferro- via, que seguia até outras partes da cidade. Em 1928 a ferrovia foi fechada e o espaço abandonado por décadas, até que surge a oportunidade de revitalizar o bairro.

O artista Benito Quinquela Martín, que nasceu e foi criado no bairro era órfão, e muito cedo foi trabalhar em uma fábrica de carvão. Mas nos intervalos do trabalho, ele pintava com pedaços de carvão, sendo incentivado por seus amigos a seguir essa habilidade. Após tornar-se um sucesso internacional, decidiu em 1954 reanimar seu antigo bairro. Batizou-se a rua de “Caminito”, em homenagem a um popular tango de 1926. Ele e outros artistas seguiram a tradição dos genoveses e pintaram todas as faixadas das casas com cores diferentes, além de espalhar pelas ruas, obras doadas por diferentes artistas. Desta forma El Caminito se tornou o primeiro museu a céu aberto do mundo.

Percorra as ruas deste bairro melancólico, mas repleto de arte, observando também os Grafites, que estão revolucionando o cenário urbano, trazendo arte popular para o bairro com fortes sentimentos da cidade portenha.

Outro elemento que incrementa a fama do bairro, é o estádio do Boca Juniors, o famoso time portenho, que suscita paixão entre os moradores da cidade.

Caminito
Caminito

 

San Telmo

O bairro de San Telmo remonta à Buenos Aires dos primeiros dias. Foi aqui que a cidade começou e cresceu. Até o século XIX era o local onde a elite portenha vivia. Contudo, uma epidemia de Cólera fez com que os habitantes mais afortunados fossem para áreas como Palermo e Recoleta. Entretanto, se perguntar para um portenho onde está a alma de Buenos Aires, ele com certeza responderá: San Telmo.

Foi aqui que o Tango surgiu, e com certeza é a principal trilha sonora, uma vez que as ruas ficam repletas de artistas de rua. Um passeio por essas vielas, repletas de lojas e bares é um convite para uma caminhada tranquila, recheada com paradas para cafés, cervejas ou taças de vinho. San Telmo, é um bairro boêmio, mesmo durante o dia, e sua principal atração é aproveitar este clima.

Mas o coração do bairro é a Plaza Dorrego. Cercada de casarões de época é famosa pelas lojas de antiguidade que vendem objetos e móveis da época de ouro da região. O seu entorno é animado e movimentado, mas as mesas dos cafés convidam para uma pausa tranquila para a admiração do ambiente. É nesta praça que ocorrem aos domingos a tradicional Feira de San Telmo, um mercado popular de antiguidades e uma das mais famosas do mundo.

San Telmo
Ruas de San Telmo

 

O Tango e Buenos Aires

Atualmente, em Buenos Aires se vê o Tango em todos os lugares: artistas de ruas em San Telmo, espetáculos coreografados em restaurantes ou shows feitos para turistas em casas especializadas. Todavia, toda essa representação turística afasta a origem popular e cultural deste estilo de música.

O tango surgiu das misturas de ritmos africanos e gaúchos do século XIX. Assim, tocava-se este estilo multiétnico nos bairros pobres. Mas ele se espalhou por Buenos Aires e passou a ser tocado nos salões das elites portenhas.  De lá se espalhou para todo o mundo.

Para fugir dos shows para “turista ver”, nada melhor que frequentar as Milongas, palavra de origem africana que significa “muitas palavras”, usado para designar estilos de música como o tango. Ainda hoje é possível vivenciar esses tradicionais encontros, onde as próprias pessoas dançam e aprendem o tango. Assim, muito melhor que os espetáculos, a Milonga é uma forma mais ativa de entrar na cultura portenha. Mas deixe o papel de observador e acompanhe a música, nada melhor para vivenciar de maneira única este histórico ritmo.

 

 Onde ver Milongas?

La Viruta ($$)

Armenia 1366

Conhecida milonga de Buenos Aires, com aulas para iniciantes.

Los Laureles ($$)

Gral Iriarte 2290 Espaço mais intimista, em um tradicional Bodegón Argenino .

La Catedral Club ($$)

Sarmiento 4006

Voltada para um público mais jovem, arrasa na decoração.

Maldita Milonga ($$)

Peru 571

No coração de San Telmo, os portenhos dizem ter a alma de Buenos.

Club Gricel ($$)

La Rioja 1180

Um pouco de tudo: espetáculos, milongas e aulas de tango.

Chau Che Clú ($$)

Avenida Velez Sarsfield 222

Lugar mais descontraído, as milongas costumam ser de sexta-feira.

Tango
Casal dançando tango

 

  • Dia 4

Feira de San Telmo

Uma das feiras de pulga mais tradicionais do mundo, é o primeiro mercado de rua da Argentina. Aqui é possível encontrar luminárias antigas, artigos de tango, colecionáveis, vinis, livros, porcelana, roupas, móveis e uma variedade sem fim de artigos e temas.

A parte mais tradicional da feira se concentra na Plaza Dorrego, mas ela se expande por mais 18 quadras em direção ao centro de Buenos Aires. Entretanto, as barracas presentes na praça são mais interessantes, as mais distantes vão se tornando barracas normais de artigos hippies e lembranças turísticas.

Esta feira é perfeita para decoração de casas ou quem busca itens mais retrôs. Aqui se consegue bons preços e negociações. Os argentinos são adeptos de pechinchas, mas cuidado com exageros que podem soar ofensivos. Geralmente os preços solicitados estão levemente acima do que eles aceitariam como preço final.

Devido a sua tradição, essa feira costuma ser bastante movimentada. Portanto, as ruas ficam tomadas por turistas e artistas de rua. Então, recomenda-se cuidado com batedores de carteira.

Horário de Funcionamento: 10:00 as 17:00.

Mercado de San Telmo
Uma das tendas da Feira de San Telmo

 

+Leia também sobre o Parque Provincial de Ischigualasto, na Argentina

 

A despedida

Infelizmente, toda a viagem tem seu fim. Agora o que fica são as memórias e aprendizagens. Viajar é a melhor forma de conhecer a si mesmo, testar os limites e sair um pouco da zona de conforto.

Mas há aqui uma informação importante: Buenos Aires possui dois aeroportos!

O Aeroparque Jorge Newbery está localizado no bairro do Palermo, a apenas 2 km do centro. Ele foi originalmente projetado para voos nacionais, porém desde 2010 ele recebe companhias aéreas de países vizinhos, como o Brasil. Assim, por sua proximidade é bem prático e fácil chegar de taxi ou ônibus.

Outro aeroporto, e o maior do país, é o Ezeiza. Este recebe cerca de 85% da demanda internacional da Argentina. Possui uma ótima infraestrutura de alimentação e serviços. Entretanto, está localizado a 32 km do centro. Taxis, vans e ónibus urbanos fazem o percurso da cidade até o aeroporto.

Assim, é importante observar por qual aeroporto a viagem será realizada. O percurso até o Ezeiza pode demorar cerca de uma hora, então vale a pena se programar com antecedência. E é importante lembrar que para voos internacionais é recomendável a chegada com até três horas de antecedência.

Embarque

 

Sugestões e pequenas surpresas:

Palácio Barolo

Uma dica interessante, é a de visitar o Monumento Histórico, o Palácio Barolo. O edifício foi construído em referência à Divina Comédia, de Dante Alighieri, estando organizado exatamente como na obra, com 22 andares representando as 22 estrofes e dividido em três partes: o inferno (primeiros pisos), o purgatório e o céu (últimos pisos). E do topo do edifício, pode-se ter uma das mais belas vistas panorâmicas da cidade.

 

Avenida 9 de Julio

Esta avenida é considerada uma das mais largas do mundo, sendo a artéria principal de Buenos Aires, conectando a zona sul com a zona norte da cidade. Portanto, nela está um dos cartões postais da cidade: O Obelisco, uma monumental agulha de concreto de 65 metros de altura. Então, seja de carro ou a pé, com certeza em algum momento você cruzará por esta maravilhosa avenida.

 

Jantar às escuras

Para uma experiência no mínimo “diferente”, o que acha de um jantar totalmente no escuro? O Teatro Ciego, uma companhia de teatro especializada em explorar todos os sentidos Assim, ele oferece a chamada A Ciegas Gourmet, um jantar dividido em três partes que promete ser uma refeição inesquecível.

Café Tortoni

Um dos Cafés mais antigos da cidade, inaugurado em 1858, o Café Tortoni é um verdadeiro paralelo à história de Buenos Aires. Considerado o coração da antiga boemia, era frequentado por artistas como Frederico Garcia Lorca, Benito Quinquela e Luigi Pirandello. Ademais, era aqui que Carlos Gardel apresentava suas novas canções de tango. Ainda hoje o local mantem esta tradição, realizando apresentações de tango e jazz.

 

Cafe Tortone
Café Tortone: mesa ocupada por personalidades portenhas.

 

Informações Úteis:

  • Vistos

Brasileiros não precisam de visto para entrar na Argentina. Portanto, para entrar no país, basta um Passaporte ou RG com menos de 10 anos.

  • Moeda:

A moeda corrente na Argentina é o Peso Argentino. Mas cuidado: existe um forte mercado de moedas falsas no país. Sempre confira as notas e troque em Casas de Câmbio Oficial.

  • Segurança

Buenos Aires é uma cidade grande. Por isso, cuidado com batedores de carteira em locais cheios e evite ruas vazias à noite. Muita atenção aos seus pertences em Restaurantes.

  • Saúde

Não existe nenhuma vacina obrigatória para Buenos Aires e Região. Mas é aconselhável fazer um Seguro de Viagem, já que a assistência médica pode ser bem cara.

  • Transporte

Se locomover em Buenos Aires é simples e prático. Os metros e os ônibus são incrivelmente baratos. Os taxis ainda são boas opções, mas requerem certa atenção, pois eles são famosos por enganar turistas e trocar moeda falsa.

 

 

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Esse post faz parte do Desafio BEDA Viagem (Blog Every Day August), um grupo de blogs de turismo que vai publicar todos os dias neste mês de Agosto. Portanto, acompanhe o material incrível dessa turma!!

Beda Viagem
Banner do desafio Beda

Créditos da identidade visual do BEDA: Mariana Holtz estudante de design na Parsons New York. Mariana trabalha com ilustração de jogos e animações como o Geo Gravity e o The Magic Pencil. Também ilustrou livros infantis como o “imagine”, além de ter um projeto de histórias em quadrinhos contra fake news, o Camaleão Leo Instagram @Mah_artz.

A Argentina possui muitos encantos. Quer conhecer mais? Pois o Viaje Cartesiano pode te ajudar!

Então um abraço e até amanhã!

4 comentários em “Roteiro para conhecer Buenos Aires em 4 dias”

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