Slow travel e ansiedade

Slow Travel, Ansiedade e Síndrome de FOMO: precisamos desacelerar.

Slow Travel, Ansiedade e Síndrome de FOMO: precisamos desacelerar.

Há coisas na vida que permitem que nos coloquemos em uma posição confortável para tomar decisões. Mas tantas outras decisões, acabamos tomando a partir de atravessamentos cotidianos. Assim foi, para mim, a escolha pelo Slow Travel. Saiba porque!

 

Lidando com a ansiedade

Há mais de uma década tenho comigo a ilustre companhia de minha arqui-inimiga, a ansiedade. Infelizmente, não me refiro às sensações de ansiedade que naturalmente acompanham todo indivíduo. Falo de Transtorno de Ansiedade, uma desordem que afeta cerca de 10% da população brasileira. Apesar de tratável, quem convive com a doença sabe que existe uma luta diária e um caminho a percorrer para compreender o que é a ansiedade, perceber o que nos deixa ansiosos, se antecipar e prevenir crises, etc.

No dia a dia, o transtorno pode causar diversos transtornos (perdão pelo trocadilho ruim, mas é a melhor definição). Isso porque não surge apenas em momentos de conflitos ou tensão. Interfere também nas situações de alegria e de lazer. Acaba provocando vários boicotes e gerando muita frustração. Para mim, dois sentimentos são bastante pesados na ansiedade. Um deles é a angústia, e o outro, o estado de alarme constante.

E é claro que eu poderia abordar aqui, diversas esferas da vida onde a ansiedade surge e me prejudica. Mas como se trata de um blog de viagens, resolvi falar especificamente de como ela está relacionada com o assunto. Tampouco falarei de acompanhamento profissional que obviamente é importante.

Viajar é a minha atividade de lazer favorita. Entrar em contato com outras línguas, outras culturas e paisagens diferentes das do cotidiano é maravilhoso. Aliás, é revigorante!

A diversão se inicia com o planejamento, que para nós do Viaje Cartesiano, tem a fase da livre criação e idealização, seguida pela fase de botar o planejamento num roteiro.

Nunca nos vimos na obrigação de montar um roteiro e segui-lo à risca. A ideia sempre foi nos permitir sentir o local, o momento e descobrir coisas novas já no destino turístico. Mas ainda assim gostamos de nos entupir de informação para saber o que há em cada lugar e assim, poder escolher passeios que combinem com nosso jeito de ser.

Mas aí também já iniciava um problema: a gente gosta de praticamente tudo! Eu poderia listar tudo o que gostamos, mas acredito que fica mais fácil listar o que não gostamos: turismo que envolva animais, ou que nos exponha a riscos desnecessários.

Slow Travel e ansiedade

 

+ Leia também: Turismo Responsável: Por que repensar a sua forma de viajar?

 

Frustrações e inquietações relacionadas à viagem

Perdemos as contas de quantas vezes voltamos frustrados de uma viagem por ter deixado de fazer algo que queríamos muito. Ou exauridos por querer fazer tudo ao mesmo tempo e colocar atrações demais para um dia. Afinal, será que voltaremos aqui?

Uma expressão popular coloca o ser ansioso como alguém que está sempre com o pensamento no futuro. E de certa forma, é realmente isso. Em muitas situações, saber que no dia seguinte haveria uma programação mais desejada que a do dia corrente, acabava tirando o brilho do presente e gerando uma expectativa grande demais em relação ao amanhã.

Além disso, ter que escolher um lugar para visitar, em detrimento de outro, ou encontrar locais fechados, geravam muita frustração.

 

Síndrome de FOMO

Já ouviu falar da Síndrome de FOMO? Até pouco tempo, eu desconhecia esse termo, mas conhecia bem os sentimentos envolvidos neste conceito.

FOMO, seria a sigla para “Fear of missing out”, que se pode traduzir para algo como “o medo de estar perdendo algo”. Na verdade, apesar dos estudos a respeito do assunto, esta “síndrome” não é uma desordem catalogada no DSM, o manual que reconhece e descreve as doenças psiquiátricas. No entanto, é algo para estarmos atentos diante de comportamentos que possamos estar desenvolvendo no nosso cotidiano.

Mas então, o que seria essa tal Síndrome de FOMO? Pois bem, ela se caracteriza pela sensação de estar perdendo algo, de que os outros estão fazendo algo mais interessante que você ou sem você. Ou seja, é um medo de não estar participando de tudo o que está acontecendo, de acabar ficando de fora da novidade ou da diversão. E as consequências disso são: ansiedade irritabilidade, angústia, insegurança e frustração.

Embora conceitualmente ela seja aplicada às tecnologias, já que teria como gatilhos, as redes sociais, pode ser aplicado às vivências expostas pelas redes.

E aí, se identificou de alguma maneira?

 

O Slow Travel

Assim, em um certo momento, passamos a notar prejuízos reais em nossa relação com a paixão por viajar e decidimos ir mais devagar. Foi quando descobrimos o Slow Travel, que tem norteado nossas decisões sobre viagem e trazido mais calma para nossas vidas.

Mas mudanças são sempre processos complexos e muitas vezes demorados. Ainda nos pegamos discutindo longos roteiros que não deveriam ser executados em poucos dias, mas por diversas questões nos permitem que o seja.

Recentemente, notei que situações de planejamento de viagem nas quais exageradas especulações a respeito do destino já desencadeava um estado ansioso. E isso já é o suficiente para estragar um jantar ou uma noite de sono.

Por isso, vejo cada vez mais a necessidade de encaixar na minha vida, uma desaceleração sempre que possível. Então o Slow Travel acabou funcionando também como uma (dentre outras tantas) ferramenta para lidar com a ansiedade. Mas  especificamente, nesta área de lazer. Afinal, por melhor que você conheça um lugar, algo sempre irá faltar. O que precisamos mesmo é nos desprender da sensação de perda que isso nos traz.

Slow Travel e Ansiedade

 

O Slow Travel é para todos?

Sim e não.

Eu realmente acredito que traria benefícios para todos, inclusive, indiretamente. Mas também compreendo que cada um possui um estilo de vida e que busca algo que os torne felizes. E acredito que existem momentos da vida em que estamos propensos a um comportamento, e em outros, a comportamentos opostos.

Eu conheço pessoas, por exemplo, em que, para quem vê de fora, parece ter uma organização caótica. Mas a pessoa funciona bem daquela maneira, produz, cria, como se um nível de aceleração a impulsionasse. E certamente, o Slow Travel, para tais pessoas, e se compreendido superficialmente, seria um verdadeiro tédio.

Portanto, o que eu quero dizer é que nós temos que buscar sempre sentir e compreender as escolhas e hábitos que nos trazem prejuízos. Assim, sempre que possível, nos cercar de ações que possam prevenir ou combater estes prejuízos.

Mas eu sei que muitas pessoas se sentem como eu. Então a vocês eu digo: precisamos desacelerar!

Então se você achar pertinente, te faço o convite para informar-se mais sobre o Slow Travel, tentar entendê-lo e aplicar à sua forma de viajar. Aliás, o Movimento Slow possui outros tantos nichos. Algum provavelmente irá te interessar.

Slow Travel

 

Conheça também: Turismo Rural, Turismo Ecológico e Slow Travel.

 

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Beda Viagem
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Créditos da identidade visual do BEDA: Mariana Holtz estudante de design na Parsons New York. Mariana trabalha com ilustração de jogos e animações como o Geo Gravity e o The Magic Pencil. Também ilustrou livros infantis como o “imagine”, além de ter um projeto de histórias em quadrinhos contra fake news, o Camaleão Leo Instagram @Mah_artz.

Então um abraço e até amanhã!

2 comentários em “Slow Travel, Ansiedade e Síndrome de FOMO: precisamos desacelerar.”

  1. Perfeito! Minhas primeiras viagens eu quero conhecer vários lugares e países em 2 semanas e acabava não aproveitando e conhecendo nenhum lugar direito. Fora que eram roteiros insanos e corridos sempre! Agora sempre deixo uns dias livres no roteiro, pra descansar, repetir algum local ou descobrir algo novo com calma!

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