Ilhas Cíes: um roteiro inesquecível de apenas 4 dias.

Ilhas Cíes: um roteiro inesquecível de apenas 4 dias.

As Ilhas Cíes estão localizadas no noroeste da Espanha e compõem o Parque Nacional Marítimo-Terrestre das Ilhas Atlânticas da Galícia. O pequeno arquipélago das Cíes está composto pelas ilhas Monteagudo ao norte, a Ilha Do Faro ao centro e a Ilha de São Martinho ao Sul. Ademais das Ilhas Cíes, o parque também conta com a Ilha do Ons, a Ilha de Sálvora e a Ilha de Cortegada.

As ilhas são um espaço natural de proteção, e portanto, aposta na oferta de um turismo sustentável e responsável. Assim, nada deve ser deixado nas ilhas e da mesma forma, nada deve ser retirado delas.

As ilhas foram habitadas na Idade do Bronze, mas passou por uma época de despovoamento. Por volta do século IX foi construído um convento no local. Ao longo dos séculos, o convento passou por várias ordens, até que entre os séculos XVI e XVII, com intensos conflitos e ataques piratas, foi abandonada. Algumas estruturas ainda se conservam, como o cemitério do mosteiro, também conhecido como o menor da Galícia.

No século XX, as ilhas voltam a ser habitadas. Entretanto, a escassez de recursos e estrutura, novamente os moradores deixam a ilha.

O Parque das Ilhas Atlânticas

O parque foi criado no ano de 2002 e abarca as Ilhas Cíes, Ons, Sálvora e Cortegada. Está situado nas Rias Baixas galegas e abriga uma rica fauna e flora. Desta forma, tornou-se área de conservação e estudo ambiental e de reprodução de aves.

Quando ir às Ilhas Cíes

As Ilhas Cíes, são uma reserva natural, e portanto, não são habitadas durante a maior parte do ano. Por isso, a abertura para visitação ocorre apenas nos meses de verão. Isto é, entre final de maio e meados de junho passa a receber os visitantes, e em meados de setembro, cessa o período de visitas.

Onde dormir?

Este é um ponto importante de se comentar. As Ilhas Cíes não dispõem estrutura hoteleira. O que há é uma estrutura de camping, com espaços de locação de barracas ou espaço para que os visitantes acampem com seus próprios equipamentos. O mínimo aceito para o aluguel de barracas é uma estadia de duas noites. Também há estrutura banheiro de uso coletivo, com diversas duchas e asseios, um restaurante, dois bares e uma pequena mercearia. Além disso, próximo à entrada do parque, há uma unidade de saúde que permite a prestação de primeiros socorros em casos de emergências.

Como a ilha só abre para visitação em alguns meses do ano, é importante atentar-se às datas e reservar a estadia assim que possível, pois as reservas acabam muito rápido. O camping solicita uma antecipação da reserva de no mínimo 7 dias antes da entrada.

As estruturas das barracas são bastante confortáveis, tanto que o camping recebe pessoas de todas as idades. Durante nossa estadia, vimos desde bebês com poucos meses de vida, à idosos. Nós alugamos uma barraca com capacidade para duas pessoas e nos reservaram um espaço com cama de casal, que já dispunha de lençol e travesseiro.  Assim, tivemos que levar apenas os sacos de dormir. Aliás, é algo que recomendamos fortemente, pois mesmo no verão, é comum que a temperatura caia drasticamente durante a noite.

Vale mencionar também que não existe estrutura de descarte ou coleta de lixo. Assim, o visitante das ilhas devem cuidar pessoalmente do lixo produzido durante sua estadia no local, e levar consigo ao deixar as ilhas para fazer o devido descarte.

Como chegar nas Ilhas Cíes?

O acesso às ilhas é possibilitado pelas embarcações marítimas. Em geral, elas saem diariamente do porto da cidade de Vigo, Baiona, Sanxenxo, Cangas ou Portonovo. Mas como comentei anteriormente, a viabilização do turismo nas ilhas somente ocorrem num período do ano.

Além do transporte coletivo, existem também, opções de embarcações privadas que fazem passeios pelo litoral das ilhas, com itinerários diversificados, podendo incluir a Ilha de Ons ou Cortegada, por exemplo. Entretanto, apenas embarcações autorizadas podem acessar as ilhas.

Da mesma forma, para acessar a ilha, é necessário que o visitante adquira, com antecedência ao embarque, uma autorização de desembarque. Seja como visitante, seja como campista. Isso ocorre porque o número de visitantes à ilha é limitado a 2.200 ao dia. O pedido pode ser iniciado com 90 dias de antecedência à visitação, e cancelado em até 15 dias antes da data da visita. A autorização não implica em taxas.  Deixo aqui um link para solicitar a autorização e conhecer as regras de visitação. Lembramos que ao reservar da vaga no camping a autorização é emitida automaticamente.

O custo do transporte coletivo varia entre 18 e 27 euros por trajeto. Só é possível efetuar a compra após a obtenção do código de solicitação da autorização de visita.

O que fazer durante sua estadia?

Existem diversas possibilidades de visita às Ilhas Cíes. Os moradores da região de Vigo, por exemplo, costumam ir à ilha no início do dia e voltar no final da tarde, aproveitando para fazer alguma trilha e curtir a praia. Mas, como somos adeptos do Slow Travel e vimos neste lugar a oportunidade perfeita para botar em prática esse estilo de viagem. Por isso, indicamos uma estadia de 4 dias para aproveitar ao máximo e com muita tranquilidade deste destino incrível.

Entretanto, não dividirei o post em atividades por dia, mas falarei sobre os atrativos das ilhas para que cada um possa montar o roteiro à sua maneira. No verão, as temperaturas no meio do dia podem ser bastante altas, então recomendamos fazer alguma trilha pela manhã e uma pausa após o almoço, horário de temperatura mais elevada. Depois, pela tarde, aproveitar alguma das praias, já que o sol se põe depois das 21 hs.

 

Sabia que as Ilhas Cíes é um Destino Starlight?

Pois é! O destino, que está afastado das iluminadas zonas urbanas, recebeu certificado Starlight em 2017. Desde então, são organizados roteiros noturnos de observação das estrelas. O custo é de €25 por pessoa e a vista do céu é belíssima. Ademais, o guia torna a experiência ainda mais encantadora, tanto para adultos como crianças, falando sobre curiosidades e lendas.

 

Trilhas

As trilhas são nossas atividades favoritas. As ilhas possuem três faróis, e para cada um deles há um caminho bem sinalizado. De maneira geral, as trilhas são de fácil execução. Entretanto, a maioria delas vão em direção às áreas de maior aclive. No início de cada rota, existe uma placa com indicações de distância, além da sinalização de direções.

As trilhas são em meio à natureza. Assim, com calma, se pode observar a variedade da vegetação e a fauna da ilha. Os caminhos estão sempre próximos aos alcantilados, de onde se pode admirar a imensidão do oceano, as ondas batendo nas pedras, vistas da Ilha de Ons e de barcos e veleiros que se acercam da ilha.

A Rota do Farol de Cies vai até o farol situado no local mais alto da ilha. Dele se pode ver todo o contorno do arquipélago com vistas ao alto-mar em um dos lados, e da Ilha do Ons, do outro. No caminho, ainda é possível visitar a Pedra do Sino, uma formação rochosa perfurada pelo  vento, os vestígios de um povoado da Idade do Bronze e o local de uma colônia de aves.

 

 

A Rota do Alto Príncipe chega se dirige a alcantilados com paisagens deslumbrantes. Em seu ponto mais alto (e mais fotografado), há uma formação rochosa conhecida como o Trono da Rainha, pois tem o formato de uma cadeira e as vistas mais espetaculares do ponto.

 

A Trilha do Farol da Porta é o de acesso mais fácil. Possui aclive em sua parte final apenas e dá vistas para a Ilha de Ons. O caminho cruza um pier e passa pelos restos de um castro.

 

Por fim, a Trilha do Farol do Peito, que também dá acesso a belíssimos espaços em meio à natureza, espaços rochosos e alcantilados.

 

Praias

O arquipélago conta com oito praias: Praia de Figueiras, Praia de San Martiño, Praia das Conchas, Praia de Nossa Senhora, Praia das Margaridas, Praia das Monjas e Praia de Rodas. Aliás, em 2007, o jornal The Guardian, da Inglaterra, elegeu a Praia de Rodas a mais bonita do mundo. Claro que a areia branquinha e suas cristalinas águas que dão um tom azul turquesa à praia impressionam a ponto

As praias são paradisíacas e a maioria delas possuem acesso por trilhas bem sinalizadas. Mas a Praia de San Martiño pode ser alcançada apenas em barco, e é a mais selvagem de todas.

As praias atendem a todos os gostos. A Praia de Nossa Senhora, por exemplo, é bastante utilizada para a prática de mergulho com snorkel. Já a Praia das Figueiras, é comum receber praticantes do naturalismo.

Atividades Aquáticas

É possível praticar atividades aquáticas como mergulho com snorkel e caiaque, se disponível na ilha.

A fauna em torno da ilha é riquíssima. Os que optam pela atividade de mergulho poderá observar espécies de crustáceos, peixes tropicais, polvos, mexilhões e muito mais. Da mesma forma, encontrará cenários diferentes, como arenosos, pedregosos, com anêmonas, corais e algas.

A administração das ilhas é quem organiza as atividades de caiaque. Portanto, há que entrar em contato para consultar as ofertas. A expedição dura cerca de 3 horas e possui itinerário até a Ilha de San Martiño.

A Ilha com crianças

Há praias tranquilas, as trilhas são relativamente fáceis para fazer com crianças, desde que estas já estejam acostumadas, pois podem ser um pouco longas. Mas ainda há uma área recreativa para as crianças com monitores e diversas atividades ao longo do dia e da noite, como gincanas e sessão de cinema ao ar livre, por exemplo.

O Pôr do Sol na Enseada do Lago

Eis um passeio altamente recomendado! Entre as Ilhas de Monteagudo (por onde se chega na ilha) e Montefaro (onde se encontra o camping), existe uma pequena ponte, na Enseada do Lago. Esta é a melhor posição para assistir o espetáculo das cores do sol se pondo no Atlântico. É claro que há que se contar com a sorte do bom tempo. Quanto mais limpo o céu, mais tempo dura o evento e mais cores explodirão no imenso horizonte marítimo. O cenário é cinematográfico, já que a breve extensão da enseada está lotada de pedras onde as ondas se quebram com certa agitação.

No mês de junho, quando estivemos nas ilhas, o sol começava a se pôr por volta das 20:30 hs, mas é bom chegar mais cedo, para garantir um lugarzinho na ponte, que fica lotada de expectadores.

Ah, mas cuidado com os meliantes. Esta é época de procriação das gaivotas e as mães estão ensinando os filhotes a conseguirem alimentos de maneira fácil. Eles gritam para todos os turistas no intento de que estes sintam pena e lhes dêem algum petisco. E um leve descuido pode virar uma batalha entre as gaivotas e você! Brincadeiras a parte, é proibido alimentar os animais, então cuidado com restos de comida ou até mesmo com a aproximação dos animais. O ambiente é deles e devemos respeitá-los, não tratá-los como atração turística.

 

Observação de Pássaros

O arquipélago foi declarado como Zona Especial de Proteção às Aves. Assim, abriga aves como as gaivotas de várias espécies, com mais de  10 mil casais em idade reprodutiva, os corvos-marinhos de crista, com mais de mil casais reprodutores, a pardela de bico amarelo, o painho de calda quebrada, alcatraz, falcão e diversas outras aves.

 

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Esse post faz parte da blogagem coletiva do grupo Crescendo Juntos, cujo tema é “Roteiro de X dias em”.

Visite os posts dos outros participantes. Os roteiros estão incríveis:

A Joana Pimentel, do ViaJo Caminhando escreveu sobre “O que fazer em Algarve: roteiro de 4 dias no sul de Portugal“.

No blog Agarre o Mundo, a Kênia fala sobre “Roteiro de 3 dias na Cidade do México“.

Já no Mundo Viajante, vocês poderão ler o texto da Izabela sobre “O que Fazer em Cusco (Peru): Roteiro de 5 dias“.

O Guto Marcondes do Review de Viagem escreveu sobre “Atrações de Praga em um roteiro de 3 dias“.

No Turismo de Primeira, a Alexandra preparou o “Roteiro em 15 cidades imperdíveis no interior da Espanha“.

O Raphael Pimentel do Destino de Casal  fez um “Roteiro de 15 dias na Riviera Maya“.

No blog Descobrir Viajando da Patrícia,  vocês poderão ler “Descobrir Aveiro: roteiro de um dia com o que fazer“.

A Dani Carvalho do Dani Turismo escreveu um “Roteiro de 5 dias na Patagônia Chilena“.

Por fim,  o texto do Moisés Batista do Viajando com Moisés: “Roteiro de 26 dias na Tailândia“.