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Slow Travel: Como preparar um roteiro no modo slow?

Slow Travel: Como preparar um roteiro no modo slow?

O Slow Travel é um modo de viajar, que vem ganhando cada vez mais adeptos. O estilo sugere que o viajante vá na contramão das atribuladas rotinas e que se permita mais tranquilidade no momento de viajar. Mas engana-se quem pensa que o modo slow só funciona para quem tem longos períodos de férias ou quem é nômade digital. Por isso, escrevemos este post para falar um pouco mais sobre o estivo de viagem, e algumas dicas para compor um roteiro de viagem no modo slow.

 

O qué é o Slow Travel?

A tradução literal do termo seria algo como viajar devagar/lentamente. Mas isso tem mais a dizer sobre um movimento, que sobre o significado literal. Mas para falar do Slow Travel, tenho também que falar sobre os outros movimentos slow.

Os Movimentos Slow

Tudo começou quando uma grande franquia de fast-food decidiu abrir uma de suas lojas numa cidade italiana. Seu moradores, incomodados com o conceito, pensando em como as pessoas se alimentavam e o significado disso, até então, se manifestaram contra a instalação da loja. Nasce aí, o movimento slow food. A partir daí, diversos outros movimentos similares tiveram origem, inclusive, o slow travel.

Assim, os movimentos slow pregam, nada mais do que o aproveitamento de uma experiência por inteiro. Isso porque, se observarmos, nosso cotidiano está sempre caracterizado pela pressa. Estamos atarefados quase que todo o tempo, tendo que estudar, se deslocar para trabalhar, com a mente ocupada tentando organizar e gerenciar as tarefas, as pessoas, etc. Muitas de nossas tarefas passaram a ser automatizadas e comer, por exemplo, é uma delas. Mas o movimento slow não é contra as tecnologias que facilitam a nossa vida. Apenas tem uma crítica em relação à perda de qualidade destas ações, muitas vezes pela falta de tempo ou ansiedade, e sugere que se dê mais atenção ao que consumimos, ingerimos, experimentamos, etc.

E aqui, poderíamos passar horas dialogando sobre o que causa esse atropelo da rotina, desde situações exógenas, procrastinação, até a FOMO. Então, para simplificar, digamos que os movimentos slow propõem que nos tornemos mais conscientes do nosso cotidiano e que tentemos fazer escolhas menos automatizadas, que fujamos das ações em massa, e tentemos agir mais como gostaríamos. Ainda quem nem sempre seja possível, menos sobrecarga é sinônimo de qualidade de vida.

 

Slow Travel

Se a qualidade da experiência é importante, o Slow Travel chega para fazer a reflexão justamente de como fazemos turismo. Em 2009, a revista Hidden Europe lançou um manifesto, com 12 conceitos norteadores da prática. Em suma, este manifesto propõe mais calma na hora de preparar um roteiro, tentando mostrar que o slow travel é mais um estado de espírito que ações tabeladas. O manifesto fala em relacionar-se com a comunidade, em conhecer o lugar e a cultura com mais profundidade, em não bastar-se com conhecer os pontos mais turísticos. Há que se conhecer a alma do lugar, criar algum vínculo emocional, ser mais que um expectador, ser um agente. E isso pode demandar tempo.

Mas obviamente não é preciso passar meses num lugar, esperando que isso aconteça. Cada um tem seu calendário e isso deve ser adaptado. Assim, a questão primordial é respeitar o tempo e priorizar a experiência. A idéia é estabelecer algum vínculo com a comunidade e com a cultura. Trata-se não apenas de conhecer e aprender sobre um local, mas de criar uma conexão emocional.

 

Um roteiro no modo slow

Mas afinal, como se prepara um roteiro de viagem no modo slow? Aqui vão algumas dicas para desfrutar ao máximo da sua viagem, sem cair nas armadilhas da ansiedade.

 

modo slow

 

Comece a sua viagem em casa

Nada melhor que vivenciar uma cultura, para conhecer-la, não é mesmo? Mas boa parte das informações a respeito de um lugar podem ser obtidas de fora dele. Na atualidade temos livros e páginas na internet, que nos ofertam conteúdos e informações sobre os mais diversos lugares. Quase tudo está lá!

Dizem que a melhor parte da viagem é o planejamento desta. Embora discorde em partes, sei o quão importante é o planejamento de uma viagem. Não somente para montar um itinerário, mas para saber se a época da viagem é adequada, se haverá algum evento cultural importante na data, quais as comidas típicas, etc. Aliás, até para não se tornar um daqueles turistas indesejados, saber coisas básicas sobre o destino de viagem, é o mínimo que se deve fazer. Não precisa ser uma pesquisa ultra detalhada, mas a verdade é que, quanto mais pesquisamos, mas queremos saber sobre os lugares, e ao final, acaba que juntamos um monte de informações, de maneira prazeirosa. E isso pode evitar equívocos e até perrengues de viagem.

Modo Slow
Planejamento e pesquisa

 

Pense em viajar por regiões específicas

Se a duração da viagem for curta, considere conhecer uma região específica, ao invés de saltar de capital em capital, para estar em diversas zonas ou países. Por mais tentador que possa ser ir para a Europa, por exemplo, onde tudo está perto e existam dezenas de pacotes que ofertem viagens por 7 países em 10 dias, a verdade é que nesse formato de passeio, se passa mais tempo em translado que de fato, conhecendo os lugares. Além disso, quanto mais destinos, mais organização vai ser necessária. Assim, acumulamos pilhas e pilhas de informação na nossa mente, que precisam ser gerenciadas de maneira adequada. Em geral, isso gera desgaste, que é o oposto da proposta de uma viagem.

Assim, uma viagem no modo slow pode ser algo como, 10 dias pelo sul da França, pelos Andes ou pela Amazônia. E claro que vale pensar em cruzar fronteiras. Fazer uma comparação entre a cultura amazônica brasileira e peruana, por exemplo, pode ser muito interessante. A questão é que o seu roteiro se desenrolaria por uma área limitada, condizente com seu tempo de viagem. Desta maneira, é possível imergir na cultura local, focar no que está vivenciando, sem a ansiedade de uma viagem cronometrada, com múltiplos destinos.

 

Precisamos falar da FOMO

Neste tópico cabe uma observação sobre a FOMO, algo que vem nos atingindo cada vez mais. FOMO é tido como uma síndrome e se relaciona com o medo de perder algo. O mundo tecnológico avança e com ele, o estilo de vida das pessoas. As cobranças internas e externas aumentam e a competitividade (real e imaginária) também. A necessidade de pertencimento muitas vezes molda comportamentos que, racionalmente não teríamos. Assim, esse medo de não fazer parte de algo vai moldando nosso comportamento e as nossas decisões deixam de se pautar nos nossos interesses e passam a ser pautadas num ideal coletivo.

Então, pensando em maneiras mais saudáveis de estar no mundo, os movimentos slow trazem essa reflexão do que realmente é importante para você, no seu ideal de realização. Fugir do “você tem que…”, “você não pode perder…”, “só você não viu…”. Isso porque na verdade, essas são armadilhas do marketing. Frases assim geram gatilhos para que você realmente se sinta excluído/a e tome atitudes (impulsivas, não pensadas) de consumo.

 

Interaja com os locais

Quem poderia te informar melhor sobre a cultura local que um nativo? Pois bem, aqui vale sentar-se numa praça, interagir no ponto de ônibus, falar com o garçom, com o atendente do hotel, etc. Mas o objetivo é buscar mais informações sobre a cidade, que mostre o seu cotidiano. Uma feira ou mercado com produtos locais e sazonais, espetáculos de dança frequentados pelos moradores, restaurantes com comidas do dia-a-dia, personalidades da cidade, etc.

Além disso, observe o cotidiano da cidade. Dê pausas entre as atrações turísticas que você escolheu visitar, para observar e sentir o ritmo daquele lugar.

 

Planeje momentos de ócio

É muito comum, ao planejar as viagens, que façamos um planejamento do dia, cheio de atrações. Tudo organizado e até, cronometrado. Mas isso não dá muita brecha para que se possa acrescentar programas que vamos descobrindo ao longo da viagem. A sugestão é então, não fechar todo o roteiro. E se for necessário, acrescentar um ou dois dias de estadia. Desta forma, pode demorar mais na volta por um bairro que achou interessante, ou programar outro passeio que acabou descobrindo ao conversar com um nativo.

Aliás, uma das lições do slow travel é a de que devemos aproveitar o inesperado. Muitas vezes quando aquilo que planejamos não dá certo, nos frustramos e isso pode acabar até estragando o nosso dia. Assim, a ideia de dar mais flexibilidade ao roteiro, também evita essas frustrações. Isso porque acabamos nos tornando também mais flexíveis e respondendo de maneira positiva às adversidades.

Slow travel
Pausa para um piquenique às margens do rio de degelo em San Agustín del Valle Fértil, na Argentina.

 

Busque experiências autênticas e sustentáveis

Uma das propostas ao viajante adepto ao movimento slow, é fazer com que ele reflita sobre como pode contribuir com aquela comunidade visitada. Embora nada do que o slow travel pregue seja regra, a sugestão é transformar o pensamento e conscientizar pessoas sobre o mundo que nos cerca e como atuamos nele. Assim, a melhor forma de contribuir é ser um turista responsável. Deixo aqui um link sobre o tema, do qual já temos falado sobre há algum tempo.

Na atualidade, com a crescente necessidade de cuidar do meio ambiente, de combater o consumo excessivo e de se pensar no turismo dentro deste viés, cada vez mais tem surgido ações que foquem nestes princípios. Muitas comunidades estão integrando ações corriqueiras ao turismo, justamente para integrar o turista à realidade local. Por isso, coletivos, artesãos, associações, pequenos produtores, etc., têm aberto suas portas para que visitantes conheçam a realidade das comunidades.

Visitar um museu, um palácio é maravilhoso. Mas visitar um coletivo que produz alimentos orgânicos, é inspirador! E é possível fazer as duas coisas numa viagem. Além de ajudar na manutenção de projetos, você tornará sua viagem muito mais significativa.

 

Farinhada - Entroido de Laza
Fariñada dos Nenos, Entroido galego (Laza)

 

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Lembrando que este post é mais um da nossa maratona do mês de agosto, o mês do Blog. Não deixe de acompanhar!

Um abraço e até amanhã!

Beda 2022
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