Conheça Carmona, um dos povoados brancos da Andaluzia

Conheça Carmona, um dos povoados brancos da Andaluzia

Já ouviu falar dos “povoados brancos” (pueblos blancos) da Espanha? Carmona, fica na Andaluzia e é um dos belíssimos integrantes desta lista. Em geral, os Pueblos Blancos são cidades onde moradores têm o hábito de pintar de branco (caiado) as fachadas de suas casas, mantendo um padrão que reluz ao horizonte.

Carmona está a somente 34 km de Sevilha, a capital andaluz. Suas ruas e monumentos são testemunhas seculares da história.

História de Carmona

A cidade possui uma longa e movimentada história. Sua fundação remonta aos povos da idade do bronze, por volta de 3000 a.C, que aproveitaram o relevo elevado para construir uma cidade fortaleza. Dali eles podiam controlar os férteis vales circundantes e controlar o comércio que vinha do Mediterrâneo.

Essa vantagem estratégica fez com que vários povos cobiçassem a região. A cidade foi conquistada pelos Tartessos, Fenícios, Cartagineses e Romanos. Estes últimos, remodelaram a cidade, construindo vastos banhos, arenas para gladiadores e teatros.

Com o fim do império, Carmona se transformou em uma importante cidade Visigoda, mas ela acabou perdendo um pouco a sua influência com a invasão muçulmana do século VII. Entretanto, em 1247, com a retomada cristã da cidade, o rei Fernando III voltou a transformar a cidade, ao reconstruir o antigo Alcazar (palácio e fortaleza árabe) e construindo mais um imponente castelo, que ele utilizava como residência.

Depois de todos esses momentos de guerras e ocupações, a cidade acabou perdendo parte da sua importância com a unificação da Espanha no século XIV. Como não existiam mais conflitos armados, a cidade foi se esvaziando. Graças a isso, hoje em dia a cidade se manteve muito bem preservada, tendo atualmente a sua econômica voltada para o turismo.

O que ver em Carmona

Como antiga e importante cidade, o que não faltam são monumentos históricos para serem visitados.

Igreja de Santa Maria

A entrada do templo é belíssima. O acesso é por um pátio de tijolos vermelhos com um corredor de laranjeiras e em volta, colunas portadas, com estilo da arquitetura árabe.

A igreja foi construída durante a ocupação visigoda. Quando os Árabes tomaram a cidade, a transformaram em uma Mesquita. Para o pátio, utilizaram colunas romanas para sustentar seus arcos.

Já na área interna, a igreja está composta por diversas capelas que vão circundando o altar principal. A maioria delas, com seus altares adornados em estilo barroco, com destaque para a cor dourada. Também está repleta de arte sacra, seja em esculturas, quadros ou afrescos.

O corredor central está marcado por largas colunas que sobem em direção aos coloridos vitrais de temática religiosa. O conjunto de suas cenas, representam o céu eterno. O colorido dos vitrais converte em cores,  as luzes que entram na igreja. Desta forma, torna o ambiente avermelhado ou azulado, dependendo do ângulo em que se olha. 

As portas são bastante altas, produzidas em madeira talhada com ricos detalhes. Cada uma tem sua função e características próprias.

O altar principal é uma homenagem à Bíblia dos pobres, já que estes, não recebiam instrução e não sabiam ler. Confeccionado em 1550, contém 27 cenas das principais passagens bíblicas. Acima do altar, quase um século depois, foi agregada à escultura de Jesus crucificado.

A capela que se destaca é a da Virgem da Graça, patrona de Carmona. Segundo a lenda, a imagem da santa foi encontrada numa cova por um pastor, que a levou para a catedral. Mas no día seguinte, ela teria retornado para a caverna. Considerado um milagre, a caverna passou a receber fiéis e conta-se qu a água é curativa.

Na catedral, a santa está exibida num altar, com uma auréola Mariana, que é uma das maiores da península ibérica.

A entrada custa 3 euros (não aceita cartão). E se tem acesso ao museu e à igreja. É importante dizer que o pagamento é aceito apenas em dinheiro.

O museu é bem pequeno e exibe peças sacras utilizadas ao longo da existência da igreja.

Porta de Córdoba

Construída no século I aC, como um arco triunfante, foi remodelado no século II ganhou elementos nos anos de 1500 e depois, em  1800.

Além da bela arquitetura, o portal dã para as aforas da cidade, por onde passava a Via Augusta. A calmaria da pacata cidadefica ainda maior ao transpassar o portal.  Estamos em uma região alta e a vista dá para o campo., a se perder no horizonte. Embora seja uma estrada secundária , são escassos os barulhos de carros passando. Em compensação, há um maravilhoso burburinho de pássaros, que no início da primavera estavam festejantes. Nos transportamos no tempo, para onde, não sei, mas a paz que sentimos foi imensa!

Se chegamos ao final da praça, podemos ver, lá em baixo, uma ponte romana. Era por ela que se tinha acesso à via Augusta, uma das principais vias do império romano. 

Necrópole Romana

A necrópole romana é um espaço arqueológico bastante interessante. Fica em frente ao conjunto arqueológico do anfiteatro romano, já numa região que se refere às aforas da cidade. Desde o centro histórico, caminha-se pouco mais de 1 km para chegar no local.

O conjunto é bastante interessante, pois demonstra vários tipos de enterramentos da época romana. A necrópole foi utilizada entre os séculos I e II, e para a cultura vigente da época, o costume era cremar os corpos. As cinzas eram mantidas em urnas funerárias,  dentro de um mausoléu familiar, na parte subterrânea do solo. Os mausoléus eram adornados com pinturas e esculturas. Muitas dessas estão preservadas, podendo ser apreciadas durante a visita. 

Um dos elementos mais interessantes da necrópole é o antigo pátio onde as cerimônias fúnebres eram realizadas. Tratava-se de um grande salão onde os familiares recebiam os pesares e ofereciam um banquete a seus visitantes. Ainda ali, durante a cerimônia, também eram realizados os novos contratos de negócios, caso a família possuísse bens, comércio ou terras.

O valor da entrada é de €1,50 e o horário de visita é das 09 h às 18:30 h.

Alcázar de cima (parador)

O Alcázar foi um palácio real, construído pelos árabes. Tratava-se de uma grande fortaleza e está localizado no ponto mais alto da cidade. Recebeu restauração no século XIV, quatro séculos após a expulsão dos árabes deste território. Assim, a arquitetura que se vê atualmente, é desta época. Inclusive, em uma de suas extremidades, há uma estrutura circular, que estava reservada à artilharia. Um precursor deste modelo em todo o reino de Espanha, mandado construir pelos reis católicos, no final do século XV. 

Contudo, em 1755, o grande terremoto de Lisboa afetou suas estruturas. Seu deterioro foi inevitável, até que a Rede de Paradores turísticos, decidiu fazer dele, suas instalações. Desta maneira, o projeto tenta manter o que resta do antigo Alcázar, embora as estruturas do hotel sejam construções modernas.

Muralhas e Alcázar de Carmona

Júlio César, general romano considerou Carmona a mais fortificada cidade da Béltica (atual Andaluzia). Não é para menos, uma vez que a cidade era toda amuralhada e possuía uma imponente fortaleza. Todos os povos que por ali passaram notaram essa importância estratégica, e remodelavam as estruturas defensivas conforme as melhores técnicas de cada época.

Por esse motivo, tanto o Alcazar de Carmona, como toda a muralha, possuem uma imensa riqueza histórica e arqueológica. São várias camadas, que vão de trechos modernos, passando por setores medievais, e até algumas partes romanas e da idade do bronze.

Passear pela muralha e visitar o museu, localizado no antigo Alcazar, são ótimas oportunidades para se visualizar toda essa história, além de ter vistas impressionantes da cidade e da região.

 

Convento de Santa Clara

O convento foi fundado em 1460, sendo um modelo da arquitetura da época. Estava sob a proteção da coroa espanhola o que lhe assegurava grande importância na região. Ao longo dos séculos, sofreu alterações e reformas, mas sem alterar as características da arquitetura mudéjar.

É possível visitar a igreja, o claustro e a torre, de onde se pode ter uma vista muito bonita da cidade. Além disso, as freiras preparam deliciosos biscoitos, que podem ser adquiridos logo na entrada do convento.

A entrada custa €2 e o convento está fechado nas terças e quartas-feiras.

 

Visitar as plantações de girassóis

Um dos hábitos dos espanhóis, é o de comer as sementes de girassol, como um aperitivo, ou acompanhando uma cerveja. Assim, vários lugares da Espanha produz o produto. Um deles é Carmona. E as fazendas de girassóis têm aberto suas porta para os visitantes, já que a beleza das plantações têm chamado cada vez mais a atenção.

Em geral, as entradas custam entre 5 e 15 euros, e a melhor época para a visita é entre meados dos meses de maio e junho. Contudo, os campos ficam fora da cidade e o acesso é realizado em carro. É possível ir de táxi, mas a viagem deve custar uns 30 euros.

Como chegar em Carmona

A cidade está a 34 km da capital andaluz. Assim, para quem viaja de carro, é bastante simples. Basta pegar a estrada A4 e em meia hora está lá. Já para quem pretende utilizar o transporte público, existem bastante opções de horários de ônibus circulares que fazem o trajeto. O ponto de ônibus fica próximo à estação de trens São Bernardo, e a linha é a M-124. A viagem dura em torno de uma hora.

Algumas dicas

A maior parte das atrações não aceitam pagamento em cartão, então é importante que o visitante leve dinheiro.

Outra característica que sempre deve ser lembrada é que na Espanha, é muito comum que monumentos turísticos também fechem no período do almoço, ou até mesmo, que inserem o expediente mais cedo nos sábados, domingos e feriados. Assim, é importante verificar o horário de funcionamento antes da visita, para que seja possível aproveitar ao máximo da sua experiência.

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Lembrando que este post é mais um da nossa maratona do mês de agosto, o mês do Blog. Já entramos na 4ª semana! Portanto, não deixe de acompanhar até o final!

Um abraço e até amanhã!