Conheça os Vinhos da Galícia
A Espanha é reconhecida mundialmente pela qualidade dos seus vinhos. Atualmente, existem 96 regiões vinícolas espanholas que receberam o selo de Denominação de Origem Protegidas (DOP).
Na Galícia, são 05 regiões com DOP. A variedade é ampla, existindo boas opções de vinhos tintos e brancos. Afinal, essa diversidade deve-se às uvas empregadas na produção, algumas só existentes na Galícia..
Cada uma dessas regiões vinícolas possuem rotas estruturadas do vinho, pensadas para conhecer as bodegas produtoras, restaurantes e plantações.
Venha com a gente e vamos conhecer cada uma dessas regiões. Também vamos falar sobre a cultura do vinho na Galícia e sua importância para as tradições locais.
+ Leia mais sobre um acompanhante perfeito para os vinhos galegos: “Os 04 queijos da Galícia”
Índice
O que é Denominação de Origem Protegida (DOP)?
A Denominação de Origem Protegida (DOP) é um selo de qualidade que certifica a elaboração de um produto empregando técnicas tradicionais de sua região, levando-se em conta elementos naturais e humanos. Mais importante, ele garante que a fabricação se realize em sua totalidade em uma zona geográfica definida.
Para a criação de um D.O.P. são necessários uma série de dispositivos legais que comprovem quais técnicas devem ser empregadas e quais regiões podem fazer os vinhos. Igualmente, tudo isso é fiscalizado por Conselhos Reguladores que garantem a veracidade e os meios de fabricação das mercadorias.
Ou seja, ao ver um selo DOP na garrafa, o consumidor recebe a garantia de comprar um vinho que teve a sua elaboração seguindo técnicas específicas e produzido em sua região de origem.
Os Vinhos da Galícia com DOP
Nas próximas linhas vamos descrever os 5 vinhos galegos que possuem Denominação de Origem Protegida.
Rías Baixas
Sub-regiões: Salnés, Rosal, Condado, Soutomaior y Ribeira do Ulla.
Principais variedades: Albariño, Marqués, Treixadura e Caiño (brancas). Espadeiro, Loureira e Sousón (tintos).
Site oficial: www.doriasbaixas.com
A Denominação de Origem Rías Baixas é a maior região e a que mais produz vinho na Galícia. Por ano, são colhidas 32 mil toneladas de uvas, produzindo cerca de 20 milhões de litros de vinho.
O seu grande diferencial é a proximidade com o Oceano Atlântico, resultando em um clima ameno e chuvas regulares. Bem como, as Rías (longas entradas do mar na terra) facilitaram ao longo dos séculos o transporte e comercialização desses vinhos.
Também é nessa região onde é cultivado a variedade de uva mais famosa da Galícia: o Albariño. Essas uvas criam um vinho branco fresco, refrescante e saboroso.
A cidade mais famosa dessa região é Cambados, considerada a Capital do Albariño. Ela esta situada na região do Salnés (responsável por 70% da produção do Albariño), um local que encanta por suas praias e vinícolas. A cidade promove todo mês de Setembro a Festa do Albariño, um grande evento onde os principais produtores expõe os seus produtos.
Ribeiro
Sub-regiões: RIbadavia, Arnoia, Castrelo de Miño, Carballeda de Avia, Leiro, Cenlle, Beade, Punxín e Cortegada.
Principais variedades: Treixadura, Torrontés, Loureira, Godello e Albariño (brancas). Sousón, Brancellao, Caíño, Ferrón e Mencía (tintos).
Site oficial: www.ribeiro.wine/es
A história da região do Ribeiro esta fortemente ligada com a plantação das uvas. Sua tradição tem inicio com a invasão romana do século II d.C. A região era cruzada por duas estradas antigas que levavam os vinhos produzidos para Ourense e Lugo, antigas capitais de província romana. Após a queda do império, a continuação dos seus cultivos deveu-se principalmente á ordem religiosa dos cistercienses, que desenvolveram novas técnicas para melhorar a qualidade do vinho.
A explicação pra qualidade do Vinho Ribeiro é a sua localização. Próximo ao oceano Atlântico, o relevo protege das chuvas fortes do litoral, mantendo ao mesmo tempo a temperatura de uma região mediterrânea. Além disso, aqui se desenvolve bem uvas típicas da Galícia, como as variedades Godello e Mencía.
Aliás, a região do Ribeiro se destaca também por sua inovação. São criados vinhos diferentes, onde são misturadas uvas típicas da região, resultando em bebidas inventivas de grande qualidade.
Um bom ponto de partida e local para usar como base é a cidade de Ribadavia. Povoada desde os tempos dos celtas, floresceu na Idade Média, chegando a ser a capital da Galícia por um curto período. Atualmente, é uma agradável cidade turística, com um centro medieval muito bem preservado.
Para quem quiser ir até uma bodega do Ribeiro, recomendamos a vinícola Casal de Armán. Localizada em uma área verde encantadora, o estabelecimento possui um restaurante que servem menus elaborados para harmonizar com seus vinhos. Também existe a opção de visitas guiadas ou até mesmo dormir no hotel construído no meio da vinícola.
Ribeira Sacra
Sub-regiões: Amandi, Chantada, Quiroga-bibei, Ribeiras do Miño e Ribeiras do Sil.
Principais variedades: Albariño, Loureira, Treixadura, Godello, Dona Branca e Torrontés (brancas). Mencía, Brancellao, Merenzao, Tempranillo, Sousón e Caiño Tinto (tintos).
Site oficial: ribeirasacra.org/portada/es
Localizada nos vales dos rios Miño e Sil, a Ribeira Sacra é uma região de paisagens maravilhosas e ótimos vinhos. O nome “Ribeira” tem o mesmo sentido que em português, referindo-se às grandes ladeiras que descem os montes até os rios. Trata-se de um terreno íngreme, com solos arenosos e expostos ao sol. As uvas se desenvolvem bem graças às chuvas amenas e temperatura constantes. Por outro lado, os vinhedos tiveram que ser plantados em terraços, fazendo da colheita nessa região uma atividade muito complicada. Tanto, que o ato é chamado pelos locais de “vindima heróica”, devido ao perigo de se trabalhar em declives tão acentuados.
Já o termo “Sacra” refere-se aos monges, que desenvolveram o cultivo das uvas nessa região. A Ribeira Sacra é um dos locais mais antigos de plantio de uvas da Galícia. São mais de 2 mil anos de história, desde que os romanos trouxeram as primeiras plantas para o local. Contudo, foram as ordens monásticas da Idade Média que ampliaram e melhoraram as técnicas de fabricação do vinho.
Por estar localizada em meio a rotas antigas do Caminho de Santiago, a Ribeira Sacra recebeu a maior concentração de igrejas românicas da Europa. Exemplo desse passado é o Monasterio de Santo Estevan de Ribas de Sil, um enorme complexo religioso construído no século XII, considerado por muitos um dos mais belos exemplares de arte galega medieval.
Além dos edifícios históricos, a natureza é outro elemento encantador para conhecer a região. O vale do rio Sil é, na nossa opinião, um dos pontos imperdíveis para se conhecer na Galícia. Nos meses de verão (junho a setembro), existem barcos que fazem passeios temáticos pelo rio, com paisagens incríveis, muitos deles acompanhados com taças de vinhos da região.
Na Ribeira Sacra, existem 56 bodegas cadastradas. Recomendamos conhecer a Regina Viarium, uma bodega criada apenas em 2001, mas reconhecida como uma das melhores da região. Ela oferece visitas guiadas, com a degustação entre três e cinco vinhos. O espaço também possui um bar, restaurante e uma plataforma com vistas maravilhosas para o vale do rio Sil. O lugar perfeito para experimentar o Mencía, o vinho tinto estrela da região.
Valdeorras
Sub-regiões: A Rúa, A Veiga, Carballeda, Larouco, O Barco, O Bolo, Petín, Rubiá e Vilamartin.
Principais variedades: Godello, Dona Branca e Palomino fino (brancas). Mencía, Merenzao, Sousón, Garnacha e Brancellao(tintos).
Site oficial: www.dovaldeorras.tv
Localizada na província de Ourense, fronteira com Castilla y Leon, Valdeorras recebe os benefícios climáticos de ambas regiões. Da mesma forma que a Ribeira Sacra, o cultivo é realizado em terraços, devido à inclinação do terreno. Por outro lado, os vinhos de Valdeorras se diferencia por armazenar a bebida em barris de vinhos, que são armazenados em grandes covas cobertas de barro. Como resultado, é possível observar por toda a região pequenas construções de tijolos, conhecida como refugallo. São chaminés que serviam para ventilar as covas e manter a temperatura nas bodegas.
Nossa sugestão para ver uma bodega com todas essas características típicas da região de Valdeorras é a vinícola Alan de Val. Estabelecimento familiar que já ganhou inúmeros prêmios regionais e internacionais. Por 20 euros é possível fazer um tour pela bodega, experimentar dois vinhos acompanhado de petiscos tradicionais da região.
Monterrei
Sub-regiões: Valle de Monterrei e Ladera de Monterrei.
Principais variedades: Dona Branca, Godello y Treixadura (brancas). Mencía e Merenzao (tintos).
Site oficial: www.domonterrei.wine/inicio/
Localizada no interior, distante do oceano, a região de Monterrei é a que possui o clima mais seco entre as zonas de vinho DOP galegas. Esta característica influencia no sabor de seus vinhos, deixando a bebida com mais corpo e sabores intensos.
O cultivo de uva em Monterrei também teve sua origem com os romanos, mas foram as ordens religiosas do século IX que expandiram a produção para toda a região. O vinho de Monterrei teve muita fama na Idade Média, mas acabou perdendo sua importância com o passar do tempo. Foi só com a criação da Denominação de Origem Protegida, nos anos 90, que permitiu uma renovação na produção e a valorização do seus vinhos.
A Região é pequena, perfeita para se conhecer em poucos dias. A cidade de Monterrei, com seu belo castelo, é uma ótima base para conhecer as vinícolas. Uma das mais conhecidas é a Gardalo, situada em uma bodega moderna, possui restaurante com preços justos e um tour com a degustação de seus vinhos.
+Leia mais sobre a festa mais tradicional da região de Monterrei em: O Entroido
As rotas dos Vinhos da Galícia
Cada uma dessas regiões vinícolas possuem uma ampla variedade de produtores locais, restaurantes, pousadas rurais e bodegas que possibilitam a todos os visitantes uma experiência incrível. Para facilitar aos turistas localiza-los, os órgãos reguladores e agencias de turismo local desenvolveram as chamadas Rotas do Vinho.
Esses intinerários são sinalizados e organizados para que o visitante possa conhecer os estabelecimentos referências na produção de vinho local. Geralmente, são longas rotas, que levam a inúmeros locais diferentes. Nossa sugestão é escolher os que chamar mais a atenção e enquadrar no seu tempo de viagem.
O mais recomendável é fazer essas rotas de carro. Também existem ônibus turísticos que saem das principais cidades galegas, alguns deles sendo gratuitos. Busque as oficinas de turismo locais para mais informações sobre horários, pontos de saída e percurso dos ônibus.
Abaixo, disponibilizamos os sites oficiais de cada uma das rotas dos vinho da Galícia:
- Rota do Vinho das Rías Baixas
- Rota do Vinho do Ribeiro
- Rota do Vinho da Ribeira Sacra
- Rota do Vinho de Valdeorras
- Rota do Vinho de Monterrei
Os Furanchos: a cultura galega do vinho
Muito além das grandes bodegas e vinhos com Denominação de Origem, a Gálicia possui uma longa tradição com a produção de vinho. Marcada pela cultura agrícola, focada nos pequenos produtores, os galegos são apaixonados por trabalhar a terra.
Por vários séculos, as famílias cultivavam em suas propriedades algumas vinhas, para produzir vinhos simples para consumo próprio. Essa tradição continua até os tempos de hoje. Em muitos quintais é possível ver um espaço para as videiras. Nos meses de setembro, época da colheita, costumam ter festas onde todos os membros da família e amigos ajudam a fazer a coleta das uvas.
O vinho é guardado em um barril e distribuído para todos os membros da família. O excedente é vendido em locais conhecidos em galego por Furanchos ou Loureiros.
Os Furanchos são espaços, situados em pequenas bodegas ou na própria casa do produtor, em que durante alguns meses do ano se realiza a venda do vinho produzido no próprio local. Podem servir alguma comida junto com o vinho (geralmente o que a família fizer no dia, sem menu) ou pode-se levar a própria comida para comer junto com o vinho.
Eles são mais comuns no sul da Galícia, e são verdadeiros segredos locais. Como não se tratam de estabelecimentos oficiais, não possuem letreiros nem datas fixas de funcionamento, já que eles fecham quando acaba o vinho do barril. Alguns possuem o costume de colocar folhas de louro na entrada da casa, para avisar aos que passam tratar-se de um Furancho (daí vem o outro nome, Loureiro).
Prometemos que no futuro faremos um post especifico sobre esses estabelecimentos, tão tradicionais na cultura galega e exemplo da riqueza gastronômica da Galícia.
Gostou deste post?
Então apoie nosso projeto comentando e compartilhando este conteúdo. Também iríamos amar receber o seu relato de viagens inesquecíveis!
Pra conhecer mais sobre o nosso projeto e destinos como este, acesse nossa página inicial ou nosso blog, que está cheio de dicas de viagem!
Lembrando que esse post faz parte do Desafio BEDA Viagem (Blog Every Day August), um grupo de blogs de turismo que vai publicar todos os dias neste mês de Agosto. Portanto, acompanhe o material incrível dessa turma!!
Créditos da identidade visual do BEDA: Mariana Holtz estudante de design na Parsons New York. Mariana trabalha com ilustração de jogos e animações como o Geo Gravity e o The Magic Pencil. Também já ilustrou livros infantis como o “imagine” além de ter um projeto de histórias em quadrinhos contra fake news o Camaleão Leo Instagram @Mah_artz.
Um abraço e bom apetite!
