O Caminho de Santiago de Compostela
O Caminho de Santiago de Compostela é uma alternativa de viagem que atrai milhares de pessoas todos os anos, há pelo menos doze séculos.
No presente, as buscas por tal roteiro não passam necessariamente por questões religiosas. Há quem faça pela fé cristã, mas há também quem espera por outros tipos de encontros, inclusive, consigo si mesmo. Há ainda quem procure significados de superação e há aqueles que querem apenas diversão ou para conhecimento cultural.
No geral, o que motiva cada um a percorrer o Caminho de Santiago é a busca de algo que faça sentido a si mesmo.
Índice
Siga as setas amarelas
As setas amarelas e as conchas de vieira são as sinalizações do Caminho de Santiago. Às vezes aparecem sozinhas, outras vezes juntas.
As conchas de vieira são o símbolo dos peregrinos, e por isso adotadas como sinalização. Mas é importante ter atenção, pois, normalmente, se segue a parte mais larga da concha. Mas nas Astúrias, a indicação é inversa: a parte mais estreita da concha.
Inclusive, a concha de vieira tornou-se o símbolo do peregrino, pois eram utilizadas como um acessório por aqueles que percorriam o caminho, para que não fossem vítimas de crimes durante o trajeto. Aplicava-se a pena máxima para aqueles que tentassem algo contra os peregrinos.
A sinalização pode estar em qualquer lugar: um poste, um muro, no chão, na parede de uma casa, enfim, é importante manter a atenção!
Quanto às setas, ao longo do percurso, elas vão receber diversos significados. Para nosso grupinho, por exemplo, algumas vezes significou irritação, pelo cansaço. Outras vezes, quando demoravam a aparecer éramos tomados pelo medo de estarmos perdidos. E assim, quando apareciam novamente, significavam alívio!
A verdade é que nossos olhos estão constantemente buscando as setas amarelas, pois elas indicam a direção. É quando a vida e as escolhas parecem mais simples, pois é só seguir as indicações.
Contudo, no final do caminho, as setas vão dando lugar à realidade, muitas vezes com piadinhas de angústia ou ansiedade, pois sabemos que elas já não estarão lá para nos direcionar.
Muitos caminhos
Atualmente, são nove rotas oficiais, e mais seis rotas de longa tradição, mas é claro que pode haver tantas outras, até porque, as rotas de peregrinação à Santiago de Compostela podem iniciar em qualquer local, desde que termine em Santiago! E mesmo as rotas mais conhecidas ou tidas como oficiais, têm seus desdobramentos.
Existem cinco mais famosas: a Rota do Norte, o Caminho Português, o Caminho Francês, o caminho Inglês e o Caminho Primitivo.
Destas, a rota mais longa, e mais famosa, é a do Caminho Francês, que tem início em Saint-Jean-Pied-de-Port, e um percurso de 769 km. Já o trajeto considerado mais difícil é o do Caminho Primitivo, de 323 km, partindo de Oviedo, nas Astúrias, atravessando a Cordilheira Cantábrica. Este foi, junto ao Caminho do Norte, considerado Patrimônio da Humanidade.
A bagagem
A regra número 1 na escolha do que levar é: leve apenas aquilo que você puder carregar!
Se você quer fazer o caminho “no estilo raiz”, e levar a sua mochila por todo o caminho, é imprescindível que escolha uma mochila adequada ao seu tipo físico, confortável, resistente, e que tenha dispositivos para melhorar a adesão no corpo.
E para isso, será necessário um bom investimento em uma mochila. Se ainda não tem uma, ou não conhece os modelos, vá às lojas e prove todas as que achar que servem ao objetivo . Lembrando que os especialistas dizem que devemos carregar no máximo 10% do seu peso corporal.
Mas para aqueles a que tem contraindicações em relação ao peso da mochila, ou mesmo que querem fazer o caminho, mas não quer carregar a mochila, vale saber que existem empresas de transfer. Por meio de empresas, as bagagens são coletadas no albergue de onde a etapa é iniciada, e deixada no albergue onde a etapa será finalizada. É importante ter reserva antecipada, tanto do serviço de transfer, como de hospedagem.
Vale reforçar a importância do seguro viagem, para eventuais ocorrências relativos à saúde. Não se esqueça que, nesta aventura, o estado físico é posto à prova.
Os selos
Para aqueles que, ao concluir o caminho, desejam receber o certificado de distância e a compostelana, é necessário que, no início do percurso compre um passaporte, e que recolha selos ao longo do trajeto.
Os selos são na verdade, carimbos que os peregrinos coletam no decorrer do trajeto, e estão disponíveis em bares, restaurantes, albergues, hotéis, capelas, igrejas ou pontos de parada entre os destinos finais. É possível adquirir o passaporte, ou credencial nas igrejas, ou albergues, por um ou dois euros. Ele será a comprovação de que você realizou o caminho. Entretanto, para conseguir a compostelana, é preciso percorrer ao menos os 100 últimos quilômetros, se a pé ou a cavalo, e os últimos 200 km, se de bicicleta.
Contudo, ainda que a credencial do peregrino tenha um objetivo religioso e/ou burocrático, ela é também uma bela recordação. Além disso, coletar os selos é bastante divertido. Isso porque cada estabelecimento possui um selo próprio, com desenhos diferentes. Uns mais simples, outros engraçados, e por aí vai!
Aproveite cada trecho!
As rotas são muito bonitas e, embora, bastante objetivas, há muito para se desfrutar. Além das belas paisagens, monumentos artísticos e culturais, sempre encontramos boas companhias ao longo do caminho, fazemos amizades e intercâmbios culturais. Durante o trajeto, aproveite também para conhecer um pouco da culinária regional pagando bem pouco, com o “Menu do Peregrino”.
E não se esqueça de coletar os selos!
O Clima
Embora vejamos os peregrinos circulando o ano todo, a época ideal para a realização desta experiência, é, em geral, nos meses mais frescos. Como sabem, o clima nas regiões da Espanha sofrem bastante variações. Ou seja, pode ser mais úmido ou bastante seco.
Portanto, antes de decidir em que época iniciar a rota, observe as características climáticas e os riscos prováveis. No verão, por exemplo, algumas regiões podem até oferecer riscos, diante das altas temperaturas e baixa umidade do ar.
Outra questão referente ao clima, é que a Galícia é uma região muito chuvosa. Desta forma, certamente o final do percurso será um tanto úmido ou molhado. Apesar das crenças de que as adversidades sejam parte dos desafios do Caminho, sei que algumas pessoas necessitam de certas seguranças.
Sendo assim, observe se a temporada que tenha escolhido para o percurso coincide com as principais épocas de chuva. Assim, pode avaliar a sua disponibilidade, ou preparar-se para o que pode encontrar.
Se quiser outras orientações e sugestões mais detalhadas, acesse o post “Dicas para fazer o Caminho de Santiago”. Nele, falo sobre o preparo prévio, cuidados e itens para levar.
Se quiser ler outros textos sobre o Caminho de Santiago, temos também:
Um pouco mais sobre o Caminho de Santiago
10 Pontos Turísticos de Santiago de Compostela – o que fazer na capital galega
A Variante Espiritual do Caminho de Santiago Português
O Cebreiro: uma das jóias do Camino de Santiago.
Até lá!
